(2011-11-21) O líder dos “populares” ultrapassou o melhor resultado de sempre, em 2000, de José Maria Aznar. Os socialistas sofreram uma “sangria” de votos. Perderam o centro e para a esquerda, e iniciam, agora, um processo conturbado, com a previsão de um Congresso em Junho.
O candidato do conservador Partido Popular (PP), Mariano Rajoy, ganhou neste domingo as eleições gerais espanholas. Com 86% do voto escrutinado, os “populares” obtêm 186 deputados, contra 110 eleitos dos socialistas. O “score” eleitoral do PP bateu todos os recordes históricos, ultrapassando mesmo o número de 183 parlamentares alcançado por José Maria Aznar, aquando da maioria absoluta de 2000.
Em contrapartida, Alfredo Pérez Rubalcaba, o candidato do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), ficou aquém das mais negativas previsões das sondagens. A bancada do partido do “punho e da rosa” terá 110 deputados, face à sua fasquia mínima que era, até agora, de 125, obtidos há 11 anos sob a liderança de Joaquin Almunia.
“Esta vitória obriga-nos à humildade e ao compromisso”, disse Mariano Rajoy no discurso no qual agradeceu aos espanhóis a sua confiança. Foi uma intervenção moderada que procurou a integração de toda a cidadania no seu projecto. “Vou ser o presidente de todos, os meus inimigos são o desemprego, o défice a dívida externa”, garantiu. “Vamos governar na mais delicada conjuntura dos últimos 30 anos e só sairemos desta se sairmos todos juntos”, acentuou.
Rajoy anunciou algumas das suas linhas mestras da acção governativa. Internamente, prometeu que “não haverá sectarismos, guerras pequenas, divisões artificiais, haverá esforço comum, de todos e para todos, esforço solidário”. E dirigiu uma mensagem à Europa. “A voz espanhola tem de voltar a ser respeitada em Bruxelas e em Frankfurt, seremos o mais leal e mais exigente dos sócios, cumpridores e vigilantes”, anunciou.
O próximo presidente do Governo de Espanha, que a meio da noite recebeu os cumprimentos de José Luís Rodriguez Zapatero e do seu rival Pérez Rubalcaba, manifestou a certeza de que a transmissão de poderes do actual gabinete socialista para o futuro Executivo será normal.
“Alfredo não acredito em ti”, gritavam ao princípio da noite os militantes do PP junto à sede do PP, na madrilena calle Génova. “Foram anos difíceis, mas hoje estamos aqui e podemos dizer que temos uma maioria muito importante”, disse Mariano Rajoy à multidão que o esperava na rua. “A melhor coisa que tem Espanha são os espanhóis que vão lutar contra a crise, amanhã [segunda-feira] de manhã estarei já a trabalhar, a tarefa não é fácil”, continuou.
“A Espanha unida jamais será vencida”, respondeu a militância. “É disso que se trata, de esforço, de unidade, peço o vosso apoio, mas temos coragem e vontade de fazer um governo no qual se sintam representados todos os espanhóis”, acentuou.
A alegria vivida na sede dos “populares” tinha contraponto no ambiente pesado que se sentia na calle Férraz, o quartel-general do PSOE. São poucos os quilómetros entre ambas as calles. Mas o ambiente era diametralmente oposto. “Perdemos claramente as eleições, tivemos um mau resultado”, agradeço, de coração, o apoio que nos deram”, leu, numa curta declaração, Rubalcaba. “Vamos defender que a luta contra a crise não represente o fim dos direitos que protegem todos os espanhóis”, disse o candidato socialista. “Vamos defender os serviços públicos universais, a igualdade entre homens e mulheres, as nossas liberdades e direitos civis”, prometeu.
Numa referência ao futuro do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba anunciou que tinha proposto ao secretário-geral, Zapatero, a convocatória de um congresso ordinário que, pelos estatutos, deverá decorrer até Junho do próximo ano. Foi notória a ausência do actual líder socialista e presidente do Executivo espanhol junto ao seu candidato na sempre difícil hora de reconhecer a derrota.
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