O autarca moçambicano Manuel de Araújo, distinguido como Personalidade do Ano da Lusofonia pelo Movimento Internacional Lusófono (MIL), dedicou o galardão aos habitantes de Quelimane, município a que preside e que quer pôr novamente no mapa nacional.
“Para mim, este prémio representa o esforço que os munícipes de Quelimane têm estado a realizar para colocar a cidade no mapa, não só da nossa província e de Moçambique, mas também no mundo”, sublinhou hoje, em declarações à agência Lusa.
O prémio, que já vai na nona edição, foi entregue quarta-feira pelo presidente do MIL, Renato Epifânio, numa cerimónia que decorreu na Sociedade Portuguesa de Geografia, em Lisboa, e em que Manuel de Araújo lembrou os esforços da população de Quelimane (centro leste de Moçambique) para retomar a “prosperidade do passado”.
Segundo Manuel de Araújo, eleito presidente do município nas listas do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, oposição política ao Governo de Maputo), Quelimane, capital da província da Zambézia com cerca de 450 mil habitantes, “foi uma cidade extremamente próspera que, entre 1972 e 1964, produzia cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do então território português.
“Hoje, está com cerca de 10%. Imagine-se a diferença e o impacto que isso trouxe. Havia grandes empresas, que empregavam cerca de 80 a 90% da mão de obra”, recordou.
“Após 16 anos de guerra civil (em Moçambique, terminou em 1992) e com as nacionalizações, as principais empresas saíram e deixaram um grande nível de desemprego. Temos estado a envidar esforços no sentido de recuperar o tecido económico e empresarial de Quelimane, cidade, e da Zambézia. E o prémio reflecte esse esforço que os munícipes têm estado a fazer para recuperar a economia, o modo de vida” do passado, sublinhou.
Manuel de Araújo foi a nona personalidade lusófona a ser distinguida pelo MIL, depois do embaixador brasileiro Lauro Moreira (2010), do bispo timorense Ximenes Belo (2011), do académico português Adriano Moreira (2012) e do antigo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o guineense Domingos Simões Pereira (2013).
Os restantes galardões foram atribuídos ao antigo secretário da Academia Galega de Língua Portuguesa (AGLP), o espanhol Ângelo Cristobal (2014), ao diplomata brasileiro e antigo presidente do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) Gilvan Muller de Oliveira (2015), ao pretendente ao trono português D. Duarte de Bragança (2016) e ao embaixador angolano Rui Mingas (2017).
O MIL é um movimento cultural e cívico que conta já com mais de 40 mil adesões, de todos os países da CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), bem como representações na Galiza (Espanha), Goa, Macau e Malaca e em 32 outros Estados em todo o mundo.
O movimento visa o reforço dos laços entre os países lusófonos - a todos os níveis: cultural, social, económico e político -, procurando “cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
Paralelamente à distinção, o MIL lançou o número 21 da Nova Águia, “revista semestral de cultura para o século XXI”, dedicada ao ensaio e poesia, temas e autores semestral.
LUSA – 29.03.2018
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