"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



segunda-feira, 26 de março de 2018

Nyusi tenta convencer a Frelimo a aceitar o consenso com a Renamo



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Sob forte contestação de alguns membros do seu partido
Ao mesmo tempo, Nyusi avisa a Renamo para não atrasar a revisão da Constituição da República com o que chamou “novas exigências”.
Numa corrida de contra-relógio, para garantir a realização das eleições e para acabar com a guerra, para mostrar trabalho à comunidade internacional, Filipe Nyusi está a travar uma grande batalha no seio do partido Frelimo, para fazer aprovar o consenso alcançado no diálogo com o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, no assunto da descentralização.
Alguns membros do partido Frelimo consideram que Filipe Nyusi está a avançar muito nas negociações e têm receio de que isso possa ser penalizador para este partido nos próximos processos eleitorais.
A eleição [pelas respectivas Assembleias] dos governadores e dos administradores é um acordo que esses membros da Frelimo discordantes não vêem com bons olhos.
Há também o modelo de eleição do presidente do Conselho Municipal, que a Frelimo pretende que seja por via de lista, e não de forma directa, como sempre aconteceu.
Afonso Dhakama diz que, neste caso, não houve consenso, mas imposição por parte daqueles que diz serem “os radicais da Frelimo”.
Filipe Nyusi aproveitou a II Sessão Ordinária do Comité Central do partido Frelimo, que decorreu durante o fim-de-semana, para tentar convencer os membros deste partido que discordam, para que aceitem o consenso com o presidente da Renamo. Para esse efeito, Nyusi recorre ao passado, dizendo que o seu partido já tomou decisões que não eram de consenso, mas o seu partido não ficou penalizado.
“Tenhamos coragem de avançar com as mudanças, assim como o fizemos no passado. Fomos corajosos, quando decidimos manter-nos no poder através de eleições, quando nós mesmos introduzimos o multipartidarismo, apesar de alguns de nós duvidarem da vitória da Frelimo e do seu candidato nas primeiras eleições presidenciais e legislativas”, disse Filipe Nyusi durante a abertura da sessão de três dias.
Nyusi acrescentou que também houve receio quando o seu partido decidiu criar autarquias nas cidades e em algumas vilas e criar Assembleias Provinciais.
“Nós tínhamos a consciência de que devíamos lutar para não perder municípios e províncias”, disse Nyusi e acrescentou: “Hoje, quando vestimos a coragem de aceitar outro modelo de descentralização, fazemo-lo, sabendo que tudo depende de nós, a Frelimo”.
Foi assim que Filipe Nyusi tentou convencer o seu partido para aceitar o consenso. Mas, por exemplo, Alberto Chipande, tio e mentor de Nyusi, continua a pensar que Nyusi está a ceder em demasia às exigências da Renamo.
A Renamo não deve atrasar o processo com novas exigências
Filipe Nyusi aproveitou também a sessão do Comité Central do seu partido para fazer um aviso à Renamo.
Neste momento, a Assembleia da República está a analisar a proposta de revisão da Constituição da República. Ainda não há datas para o debate da proposta, apesar de faltar pouco tempo para as eleições autárquicas. O “Canalmoz” sabe que a Renamo tem outras ideias para serem incorporadas na revisão da Constituição.
Falando durante a abertura da sessão, na sexta-feira, Nyusi deu a entender que há novas exigências do lado da Renamo. “É expectativa de todos os moçambicanos que a Renamo não atrase o processo, querendo introduzir novas exigências cuja substância é contrária à do consenso”, disse Filipe Nyusi.
No encerramento, Nyusi voltou a fazer um aviso à Renamo, dizendo que o processo do restabelecimento da paz deve prosseguir “sem que seja a preço de ameaças”. (André Mulungo)
CANALMOZ – 26.03.2018

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