sábado, 26 de agosto de 2017
Eusébio A. P. Gwembe adicionou 3 fotos novas.
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Estas palavras proferidas a 21 de Junho de 2015 tem a razão de ser. Se parece provável que o plano para libertação de Sacudzo foi-lhe imposto pela secreta rhodesiana como condição para ter sua ajuda parece também provável que Matsangaissa estava determinado a encontrar ajuda onde fosse possível para combater Samora, como veremos no episodio seguinte. Antes de entrar para a epopeia dos 150 kms de Matsangaissa recuemos a fita da história. Em Salisbury, Matsangaissa encontrara dois grupos distintos de luta contra o Machelismo. Por um lado estava a Rádio Voz da África Livre, uma estação clandestina que “conseguiu levantar em poucos meses todo o povo moçambicano contra a Frelimo” e a Resistência Moçambicana cuja história remonta ao ano de 1974 quando, em Março, o major Silva Pais da PIDE-DGS, António Vaz (seu representante em Moçambique), São José Lopes (seu representante em Angola) e Ken Flower da Central Inteligence Organization (CIO) se reuniram em Salisbury (Harare) decidindo criar-se um grupo clandestino especial como os flechas fundados por Óscar Cardoso (n.10-06-1935), em Angola para combater os rebeldes zimbabweanos em Moçambique. O formador deste novo grupo seria Alves Cardoso (n. 26-11-1934). Após o Golpe de Estado de 25 de Abril em Portugal, Flower tomou conta do grupo tendo enviado os homens nas fronteiras com Moçambique. Em 1975 este grupo abandonou Flower para ir trabalhar em Angola com Holden Roberto que acabava de receber uma ajuda financeira substancial da CIA. A ameaça moçambicana permanecia viva, mas Ken estava desanimado.
Na mesma altura, Miguel Murupa (ex membro do CC da Frelimo), com ajuda do “Capitão Gravata”, Jorge Jardim (com ajuda de Orlando Cristina), alguns refugiados ex-militares da Frelimo e ex-comandos do Ancien régime tentavam reagrupar-se, com objectivo de realizar uma contra-revolução ou, nas palavras do eng.° Jorge Jardim, “a inevitável guerra civil que será mais uma esperança do que uma ameaça”. Para Ken Flower, Orlando Cristina (ex adepto da Frelimo, ex-preso da PIDE, ex-formador do grupo paramilitar de Kamuzu Banda e amigo dos Ajua) será a pessoa certa por apoiar, autorizando-lhe a instalação de uma rádios. O ambiente era favorável; todos pareciam excitados para uma contra-revolução mas cada um hesitava em empreender uma acção concreta de saneamento da situação, porque cada um a queria para os outros. Os que pareciam conduzir a contra-revolução tomavam parte nela como simples instrumentos. A partir do momento em que tinham a pretensão de dominar, caiam ignobilmente.
Enquanto Ken Flower chamava para si a criação da “Resistência” como a quinta coluna no interior de Moçambique , os que não desejavam a interferência rhodesiana não cruzaram os braços. Em 1976 convidaram para instrutor o ex-piloto da Força Aérea Brasileira, Pedro Marangoni, na altura em Portugal. Pedro Marangoni (n. 1949) já tinha passado por Moçambique (1973/4), tendo sido professor na missão de Marere (Nampula), antes de ir para Niassa onde combatera e, fingindo-se de missionário, interveio na mediação entre guerrilheiros da Frelimo e comandos portugueses após o 7 de Setembro de 1974. Depois foi para Lourenço Marques, de onde seguiu para Salisbury. Recebido no grupo de Alves Cardoso na Rhodesia, entre Junho de 1975 a Fevereiro de 1976 foi combater em Angola, pelo FNLA , antes de seguir a Portugal de onde era convidado para substituir Óscar Cardoso em Odzi. Lutava contra o comunismo soviético e a expansão cubana em defesa do que chamava de “civilização Ocidental”.
Tudo desenvolvia-se com uma rapidez até então sem paralelo. Todos os sinais o anunciavam. À medida que se operava este processo, o descontentamento e o ódio às atitudes dos novos dirigentes que se apoderavam de propriedades privadas em nome do ideal socialista ia aumentando. Paradoxalmente, a contra-revolução amadurecia, em especial nas regiões do país em que o bem-estar era mais manifesto e entre os homens que tinham sido "bons camaradas". Em Cabo Delgado, o comissário Politico local, Pachinuapa, mandará prender 8 oficiais do exército. Não é indo sempre de mal a pior que se cai numa resistência. “Acontece com maior frequência” diz-nos Tocqueville “que um povo que tendo suportado sem se queixar, e como se as não sentisse, as leis mais humilhantes, as rejeite violentamente quando o seu peso se alivia. O regime que uma revolução destrói vale quase sempre mais do que aquele que o tinha imediatamente precedido e a experiência ensina que o momento mais perigoso para um mau governo é precisamente aquele em que começa a reformar-se”.
Marangoni fez levantamento de homens que existiam. Depois do conselho de Jack Berry, da Special Branch, que acusava portugueses de serem “heróis de bar” decidiu formar um grupo de guerrilha para recrutar elementos africanos da população moçambicana. Com ajuda de companheiros como Póvoa e Godinho, es-DGS, lançou apelo para contribuições que não demoraram a chegar mas que a Voz da África Livre denunciara como sendo de pessoas burlescas. Com esta ajuda conseguiu comprar um Land-Rover e adquirir material de caçadores (Três Remington. 22 com silenciador e miratelescópica, uma Winchester 33, uma Lee Enfield303, uma Hornet, uma pistola Beretta 9mm e uma pistola Colt 32, mochilas, medicamentos, um binóculo, uma bússola, mapas e uma máquina fotográfica) na esperança de que o material de guerra seria capturado ao inimigo. O mal que se sofria pacientemente como inevitável tornou-se insuportável a partir do momento em que se concebeu a ideia de se substituir a ele. Os agentes da CIO estavam a par de tudo.
Os preparativos para a primeira missão foram feitos com oito elementos (Paulo, Alex, Póvoa, Zeca, João, Godinho, Rui). Guedes, do Rhodesian CID, imprimiu muitas cópias de um panfleto, explicando quem eram, o que pretendiam e o que deveria ser feito para os ajudar. “Pensando no nome que deveríamos receber, veio-me a ideia de Resistência, que completei finalmente com Resistência Moçambicana” escreve ele no seu livro “A Opção Pela Espada” e continuando acrescenta “Em verdade, meu desprezo pela política iria criar um vácuo histórico que viria a ser avidamente disputado pelas hienas do poder ou de glória pessoal décadas depois, por ter criado um movimento de oposição puramente guerreiro, sem o anterior e sempre presente movimento político e cultos à personalidade. Nascia ali hoje a poderosa e mundialmente conhecida Renamo e nenhum dos políticos que actualmente pretendem ter sido seus criadores lá estavam”. Estava criada a Resistência Moçambicana, mais tarde e com ajuda do Special Branch, “Resistência Nacional Moçambicana”. Para aqueles que tinham conseguido escapar dos centros de reeducação o mal tornara-se menor mas a sensibilidade sobre os abusos era mais viva.
Jack, que levara a sério o plano de resistência, entre os agentes da CIO, convidou Marangoni para uma conversa franca no Beverly Rocks Motel, tendo-lhe sugerido a troca do armamento para a caça pelo armamento de guerra e oferecendo-lhe uma base em território rodesiano em troca de um ataque ao Centro de Sacudzo. Escutemo-los:
“Pela insegurança de seu armamento civil, dou em troca Kalachnikovs, granadas, RPG-2 ou 7, minas, todo o explosivo que necessitarem, de origem comunista. Vocês não têm uma base e criá-la em território inimigo leva tempo e muita resistência física, que os brancos não possuem; dou-lhes uma fazenda, com sede, instalações completas, inclusive com piscina, a 5 quilómetros da fronteira, um ex-motel abandonado por causa da guerra. Dou ainda treinamento adicional, comida, transporte. Que pensas?”
Marangoni, desconfiado de tanta generosidade respondeu e perguntou – “Bem até agora, tudo óptimo. E o que daremos em troca?
“- A libertação do Campo de prisioneiros da Gorongosa. Aos outros lhes comunicará quando estiverem todos concentrados na fazenda; terão o direito de aceitar ou não. Realizarão uma missão difícil, mas que será boa tanto para nós como para vocês, aumentando-lhes o efectivo e podendo combater melhor a Frelimo, nosso inimigo comum” .
Depois deste encontro, ficou decidido que os passos subsequentes seriam acompanhados por Peter Burt. Aos que não queriam se comprometer com o governo Rhodesiano Marangoni lembrou-lhes que a própria Frelimo sobrevivera porque suas bases principais eram na Tanzânia, a FNLA no Zaire, o MPLA na Zâmbia, a UNITA na Namíbia. Não podiam prescindir da ajuda do governo ou ficariam entre dois fogos. Mas todos estavam contentes com a troca do armamento para AK-47 e decididos a combater conscientes de que mesmo o colonialismo no momento em que era mais forte e poderoso não tinha inspirado tanto ódio como no momento em que ia desaparecer. Assim aconteceria com a ditadura de Samora.
A ideia seria propagandeada pela Voz de Africa Livre, uma rádio pirata já existente. Através do agreement, tornado público em 23 de Maio de 1977, entre a Resistência Moçambicana e a Rádios Voz de Africa Livre, toda a notícia relativa aos combates e progresso da Resistência seria divulgada; o mundo deveria saber que a reacção contra a escravidão começara. Mike acompanhou o grupo para a primeira base, não em Odzi como aparece nos livros de História, mas no Alice Dale Guest-House, abandonado devido as acções de guerrilha de Mugabe. Havia depósito de víveres, rações de combate rodesianas, um gerador para iluminação. Foi organizado um sistema de sentinelas e todos dormiriam com as armas ao alcance das mãos. A entrada para o território moçambicano foi feita num dia simbólico: o dia da OUA (25 de Maio de 1976), enquanto Matsangaissa ainda estava no campo de reeducação. Mas o grupo não foi bem sucedido. No primeiro confronto, o Rui ficou ferido, deixado e capturado pelas forças governamentais será fuzilado por uma lei de 1979. O grupo regressou ao território rhodesiano e, posteriormente transferiu-se para Odzi.
Continua...
Nota: a terceira imagem não tem a ver com a informação!
Nas imagens: A primeira operação da "Resistência" a 25 de Maio de 1976. Pedro Marangoni ainda do lado rhodesiao e Alex (Português) e João (moçambicano) ja em território moçambicano.
O início da guerra em Moçambique "não é uma vontade de moçambicanos que tiveram contradições, que explodiu, (…) não vamos simplificar as coisas e dizer´ah, é vontade de uns jovens, porque reuniram-se numa mata e decidiram chamar-se Renamo’” Joaquim Chissano.
Estas palavras proferidas a 21 de Junho de 2015 tem a razão de ser. Se parece provável que o plano para libertação de Sacudzo foi-lhe imposto pela secreta rhodesiana como condição para ter sua ajuda parece também provável que Matsangaissa estava determinado a encontrar ajuda onde fosse possível para combater Samora, como veremos no episodio seguinte. Antes de entrar para a epopeia dos 150 kms de Matsangaissa recuemos a fita da história. Em Salisbury, Matsangaissa encontrara dois grupos distintos de luta contra o Machelismo. Por um lado estava a Rádio Voz da África Livre, uma estação clandestina que “conseguiu levantar em poucos meses todo o povo moçambicano contra a Frelimo” e a Resistência Moçambicana cuja história remonta ao ano de 1974 quando, em Março, o major Silva Pais da PIDE-DGS, António Vaz (seu representante em Moçambique), São José Lopes (seu representante em Angola) e Ken Flower da Central Inteligence Organization (CIO) se reuniram em Salisbury (Harare) decidindo criar-se um grupo clandestino especial como os flechas fundados por Óscar Cardoso (n.10-06-1935), em Angola para combater os rebeldes zimbabweanos em Moçambique. O formador deste novo grupo seria Alves Cardoso (n. 26-11-1934). Após o Golpe de Estado de 25 de Abril em Portugal, Flower tomou conta do grupo tendo enviado os homens nas fronteiras com Moçambique. Em 1975 este grupo abandonou Flower para ir trabalhar em Angola com Holden Roberto que acabava de receber uma ajuda financeira substancial da CIA. A ameaça moçambicana permanecia viva, mas Ken estava desanimado.
Na mesma altura, Miguel Murupa (ex membro do CC da Frelimo), com ajuda do “Capitão Gravata”, Jorge Jardim (com ajuda de Orlando Cristina), alguns refugiados ex-militares da Frelimo e ex-comandos do Ancien régime tentavam reagrupar-se, com objectivo de realizar uma contra-revolução ou, nas palavras do eng.° Jorge Jardim, “a inevitável guerra civil que será mais uma esperança do que uma ameaça”. Para Ken Flower, Orlando Cristina (ex adepto da Frelimo, ex-preso da PIDE, ex-formador do grupo paramilitar de Kamuzu Banda e amigo dos Ajua) será a pessoa certa por apoiar, autorizando-lhe a instalação de uma rádios. O ambiente era favorável; todos pareciam excitados para uma contra-revolução mas cada um hesitava em empreender uma acção concreta de saneamento da situação, porque cada um a queria para os outros. Os que pareciam conduzir a contra-revolução tomavam parte nela como simples instrumentos. A partir do momento em que tinham a pretensão de dominar, caiam ignobilmente.
Enquanto Ken Flower chamava para si a criação da “Resistência” como a quinta coluna no interior de Moçambique , os que não desejavam a interferência rhodesiana não cruzaram os braços. Em 1976 convidaram para instrutor o ex-piloto da Força Aérea Brasileira, Pedro Marangoni, na altura em Portugal. Pedro Marangoni (n. 1949) já tinha passado por Moçambique (1973/4), tendo sido professor na missão de Marere (Nampula), antes de ir para Niassa onde combatera e, fingindo-se de missionário, interveio na mediação entre guerrilheiros da Frelimo e comandos portugueses após o 7 de Setembro de 1974. Depois foi para Lourenço Marques, de onde seguiu para Salisbury. Recebido no grupo de Alves Cardoso na Rhodesia, entre Junho de 1975 a Fevereiro de 1976 foi combater em Angola, pelo FNLA , antes de seguir a Portugal de onde era convidado para substituir Óscar Cardoso em Odzi. Lutava contra o comunismo soviético e a expansão cubana em defesa do que chamava de “civilização Ocidental”.
Tudo desenvolvia-se com uma rapidez até então sem paralelo. Todos os sinais o anunciavam. À medida que se operava este processo, o descontentamento e o ódio às atitudes dos novos dirigentes que se apoderavam de propriedades privadas em nome do ideal socialista ia aumentando. Paradoxalmente, a contra-revolução amadurecia, em especial nas regiões do país em que o bem-estar era mais manifesto e entre os homens que tinham sido "bons camaradas". Em Cabo Delgado, o comissário Politico local, Pachinuapa, mandará prender 8 oficiais do exército. Não é indo sempre de mal a pior que se cai numa resistência. “Acontece com maior frequência” diz-nos Tocqueville “que um povo que tendo suportado sem se queixar, e como se as não sentisse, as leis mais humilhantes, as rejeite violentamente quando o seu peso se alivia. O regime que uma revolução destrói vale quase sempre mais do que aquele que o tinha imediatamente precedido e a experiência ensina que o momento mais perigoso para um mau governo é precisamente aquele em que começa a reformar-se”.
Marangoni fez levantamento de homens que existiam. Depois do conselho de Jack Berry, da Special Branch, que acusava portugueses de serem “heróis de bar” decidiu formar um grupo de guerrilha para recrutar elementos africanos da população moçambicana. Com ajuda de companheiros como Póvoa e Godinho, es-DGS, lançou apelo para contribuições que não demoraram a chegar mas que a Voz da África Livre denunciara como sendo de pessoas burlescas. Com esta ajuda conseguiu comprar um Land-Rover e adquirir material de caçadores (Três Remington. 22 com silenciador e miratelescópica, uma Winchester 33, uma Lee Enfield303, uma Hornet, uma pistola Beretta 9mm e uma pistola Colt 32, mochilas, medicamentos, um binóculo, uma bússola, mapas e uma máquina fotográfica) na esperança de que o material de guerra seria capturado ao inimigo. O mal que se sofria pacientemente como inevitável tornou-se insuportável a partir do momento em que se concebeu a ideia de se substituir a ele. Os agentes da CIO estavam a par de tudo.
Os preparativos para a primeira missão foram feitos com oito elementos (Paulo, Alex, Póvoa, Zeca, João, Godinho, Rui). Guedes, do Rhodesian CID, imprimiu muitas cópias de um panfleto, explicando quem eram, o que pretendiam e o que deveria ser feito para os ajudar. “Pensando no nome que deveríamos receber, veio-me a ideia de Resistência, que completei finalmente com Resistência Moçambicana” escreve ele no seu livro “A Opção Pela Espada” e continuando acrescenta “Em verdade, meu desprezo pela política iria criar um vácuo histórico que viria a ser avidamente disputado pelas hienas do poder ou de glória pessoal décadas depois, por ter criado um movimento de oposição puramente guerreiro, sem o anterior e sempre presente movimento político e cultos à personalidade. Nascia ali hoje a poderosa e mundialmente conhecida Renamo e nenhum dos políticos que actualmente pretendem ter sido seus criadores lá estavam”. Estava criada a Resistência Moçambicana, mais tarde e com ajuda do Special Branch, “Resistência Nacional Moçambicana”. Para aqueles que tinham conseguido escapar dos centros de reeducação o mal tornara-se menor mas a sensibilidade sobre os abusos era mais viva.
Jack, que levara a sério o plano de resistência, entre os agentes da CIO, convidou Marangoni para uma conversa franca no Beverly Rocks Motel, tendo-lhe sugerido a troca do armamento para a caça pelo armamento de guerra e oferecendo-lhe uma base em território rodesiano em troca de um ataque ao Centro de Sacudzo. Escutemo-los:
“Pela insegurança de seu armamento civil, dou em troca Kalachnikovs, granadas, RPG-2 ou 7, minas, todo o explosivo que necessitarem, de origem comunista. Vocês não têm uma base e criá-la em território inimigo leva tempo e muita resistência física, que os brancos não possuem; dou-lhes uma fazenda, com sede, instalações completas, inclusive com piscina, a 5 quilómetros da fronteira, um ex-motel abandonado por causa da guerra. Dou ainda treinamento adicional, comida, transporte. Que pensas?”
Marangoni, desconfiado de tanta generosidade respondeu e perguntou – “Bem até agora, tudo óptimo. E o que daremos em troca?
“- A libertação do Campo de prisioneiros da Gorongosa. Aos outros lhes comunicará quando estiverem todos concentrados na fazenda; terão o direito de aceitar ou não. Realizarão uma missão difícil, mas que será boa tanto para nós como para vocês, aumentando-lhes o efectivo e podendo combater melhor a Frelimo, nosso inimigo comum” .
Depois deste encontro, ficou decidido que os passos subsequentes seriam acompanhados por Peter Burt. Aos que não queriam se comprometer com o governo Rhodesiano Marangoni lembrou-lhes que a própria Frelimo sobrevivera porque suas bases principais eram na Tanzânia, a FNLA no Zaire, o MPLA na Zâmbia, a UNITA na Namíbia. Não podiam prescindir da ajuda do governo ou ficariam entre dois fogos. Mas todos estavam contentes com a troca do armamento para AK-47 e decididos a combater conscientes de que mesmo o colonialismo no momento em que era mais forte e poderoso não tinha inspirado tanto ódio como no momento em que ia desaparecer. Assim aconteceria com a ditadura de Samora.
A ideia seria propagandeada pela Voz de Africa Livre, uma rádio pirata já existente. Através do agreement, tornado público em 23 de Maio de 1977, entre a Resistência Moçambicana e a Rádios Voz de Africa Livre, toda a notícia relativa aos combates e progresso da Resistência seria divulgada; o mundo deveria saber que a reacção contra a escravidão começara. Mike acompanhou o grupo para a primeira base, não em Odzi como aparece nos livros de História, mas no Alice Dale Guest-House, abandonado devido as acções de guerrilha de Mugabe. Havia depósito de víveres, rações de combate rodesianas, um gerador para iluminação. Foi organizado um sistema de sentinelas e todos dormiriam com as armas ao alcance das mãos. A entrada para o território moçambicano foi feita num dia simbólico: o dia da OUA (25 de Maio de 1976), enquanto Matsangaissa ainda estava no campo de reeducação. Mas o grupo não foi bem sucedido. No primeiro confronto, o Rui ficou ferido, deixado e capturado pelas forças governamentais será fuzilado por uma lei de 1979. O grupo regressou ao território rhodesiano e, posteriormente transferiu-se para Odzi.
Continua...
Nota: a terceira imagem não tem a ver com a informação!
Nas imagens: A primeira operação da "Resistência" a 25 de Maio de 1976. Pedro Marangoni ainda do lado rhodesiao e Alex (Português) e João (moçambicano) ja em território moçambicano.
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