"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 4 de abril de 2013

Renamo e Governo radicalizam posições no centro do país

 

“Cenário” pré-eleitoral uma vez mais instala-se no país.
Consta ainda que, até às 16h00 de ontem, o chamado “quartel-general da Renamo” estava totalmente cercado pelas forças de defesa e segurança. Sofrimento Matequenha garantiu ao nosso jornal que Afonso Dhlakama, juntamente com os “seus generais”, estava a par da presença desta suposta força governamental e pronto para a guerra.
A novela não é nova. Os actores também. A única mudança desta vez tem que ver com a intensidade da trilha sonora! Sempre que se avizinham pleitos eleitorais no país, há sempre uma tendência de se ressuscitarem os horores da guerra e da violência. De um lado a Renamo, liderada por Afonso Dhlakama, e do outro o Governo e o Partido Frelimo. Os dois lados da barricada “usam” a violência como instrumento de captação de simpatias políticas.
Tal como nos anos anteriores, tudo começa por discordâncias políticas em torno do chamado “pacote eleitoral”, onde a Renamo sempre alega que o mesmo é injusto e visa facilitar uma vitória fraudulenta da Frelimo nas eleições. Daí começa uma espécie de histeria política que sempre degenera em ameaças de guerra, com supostas movimentações dos “históricos” homens armados da Renamo, e do outro lado o Governo a ameaçar intervir em força através da “temida” Força de Intervenção Rápida.
No entanto, no caso vertente deste ano, verifica-se uma  maior radicalização do discurso e das acções dos dois lados. Afonso Dhlakama montou uma espécie de equipa de choque político-militar, constituída por Manuel Bissopo, Ussufo Momad e Hermínio Morais, que se desdobra pelas províncias em supostos “seminários”, onde a mensagem principal é mobilizar os membros da Renamo para inviabilizarem as eleições deste ano. “Não haverá eleições este ano” - tem sido esta a frase várias vezes repetida pelas principais lideranças da Renamo.
A Renamo ameaça agir com força contra todos - incluindo os órgãos eleitorais - que tentarem organizar eleições este ano. Os delegados provinciais da Renamo repetem até à exaustão este “credo” e os mais criativos, como o voluntarioso Sofrimento Matequenha, vão também destilando mais ódio e ameaça.
Em jeito de resposta, o Comité Central da Frelimo, reunido em Maputo na sua II sessão, veio a público “repudiar” os discursos “belicistas” e atentatórios à “unidade nacional”. Esta condenação do órgão mais importante do partido que dirige o Governo pode ser vista como uma espécie de luz verde para que o executivo accione também a sua máquina de propaganda e de guerra. Foi assim na última terça-feira. Filipe Nyusi e José Mandra, dois proeminentes membros do executivo, vieram a público afirmar que “quem ultrapassar a linha vermelha será severamente punido”. Estas palavras soaram como uma espécie de luz verde para acções de demonstração de força e de musculatura.
FIR movimenta-se em Gorongosa
 Foi neste contexto que chegaram informações de que o comandante nacional da Força de Intervenção Rápida, acompanhado pelo comandante provincial da PRM em Sofala, terão seguido, ontem, para Gorongosa, liderando um grupo de homens de defesa e segurança altamente armados. Consta que as duas altas patentes terão ido juntar-se ao forte contingente ali estacionado, desde a tarde da última terça-feira - curiosamente o dia das declarações dos ministros. terão partido do quartel militar das FADM, numa coluna supostamente composta por dez camiões, com várias especialidades do Exército, caso da infantaria e tropas especiais dos Comandos, fortemente armados. Consta, também, que os referidos camiões estavam carregados de mantimentos e tendas. 
Consta, ainda, que, até às 16h00 de ontem, o chamado “quartel general da Renamo” estava totalmente cercado de Forças de defesa e segurança. O delegado provincial da Renamo em Manica, Sofrimento Matequenha, terá mesmo confirmado estes factos à nossa equipa de reportagem em Manica.
Matequenha tratou, no entanto, de afirmar que o líder Afonso Dhlakama, juntamente com os “generais”, está a par da presença desta suposta força governamental e que já estava pronto e com as “cartucheiras”  preparadas para a guerra. “Ontem, o presidente Dhlakama falou com todos os delegados provinciais, alertando-nos para a prontidão combativa. Assim, informei estes homens que estavam em Gondola para tomarem as suas posições e esperarem a voz de comando do presidente. se é assim que a Frelimo decidiu que deve resolver  problema do país, assim terá a devida resposta. Este é o recado que o presidente Dhlakama transmitiu ontem a noite”, disse Sofrimento Matequenha. 
Como que a colocar achas à fogueira, e dando corpo a esta estratégia de desinformação, com objectivos manifestamente eleitorais, o porta-voz da PRM em Sofala não confirma nem desmente as supostas movimentações. Garante apenas que há uma “estratégia” em curso. 
FIR dispersa sub-bases da Renamo
Consta ainda que, há duas semanas,  guerrilheiros da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), idos de todos os distritos da província de Manica, aos poucos, juntavam-se no distrito de Gondola, em Manica, sem qualquer explicação às autoridades administrativas locais, criando um movimento estranho e semeando medo e pânico tanto aos governantes assim como à população em geral.

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