Manifestantes de vários países denunciam irregularidades da Vale Murilo Ferreira, presidente da Vale
Na mesma semana em que os oleiros paralisaram comboios.
Os manifestantes denunciaram os impactos socioambientais, violações de direitos humanos e trabalhistas cometidos pela empresa, que é a segunda maior mineradora do mundo, presente em 38 países.
Segundo escreve a Agência Brasil, a calçada em frente à sede da Vale, no centro do Rio de Janeiro, foi ocupada, quarta-feira (17), por integrantes de várias organizações internacionais da sociedade civil. Os manifestantes denunciaram os impactos socioambientais, violações de direitos humanos e trabalhistas cometidos pela empresa.
O protesto foi organizado pela Articulação Internacional de Atingidos pela Vale e contou com a presença de representantes de organizações de países onde a empresa está presente, como Colômbia, Moçambique e Canadá, e de moradores de comunidades impactadas pela actuação da Vale no Brasil. Eles exigem reparações financeiras e ambientais.
Professora do município de Açailândia, no Maranhão, Edilene Brandão é moradora de Açaí de Baixo, onde o Pólo Siderúrgico de Açailândia, cujo ferro é abastecido pela Vale, tem causado problemas sérios de saúde a grande parte das 360 famílias da região.
“Ela (Vale) explora o minério no Pará e leva-o para as siderúrgicas no Maranhão. Ou seja, as siderúrgicas só funcionam se a Vale levar o minério. A gente tem exigido que elas coloquem filtros nos fornos, mas nunca colocaram e a Vale nunca cobrou isso”, disse. “Agora, as pessoas estão doentes, deixaram de trabalhar na agricultura, na pesca e, por isso, queremos ser reassentados num lugar seguro, mas ninguém quer pagar pela construção das casas”, completou.
Segundo Edilene, por causa da poluição do ar, muitos moradores sofrem de enfermidades crónicas respiratórias - como asma e sinusite - e de vista causadas por cisco de ferro, inclusive casos de morte por cancro. Há oito anos, eles pedem na Justiça - com mais de 20 processos - indemnizações por danos morais e materiais e local adequado para que as famílias sejam reassentadas.
A moçambicana da ONG Justiça Ambiental, Gizela Zunguze, acusa a Vale de ter retirado, em 2004, 1 365 famílias de suas terras no distrito de Moatize, Norte do país, para a instalação de uma mina de carvão, e reassentando-as em terras impróprias para a agricultura, com acesso precário à água potável, saneamento básico e serviço de transporte. “A Vale disse que construiu casas, mas eu não chamo àquilo casas. Não têm janelas, não respeitam o número de agregados, são pequenas, sem vigas, e já estão com rachaduras. A população está agora a 50 quilómetros de tudo e de todos, sem transporte, sem água, sem nada”, denunciou.
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