"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



terça-feira, 16 de abril de 2013

Mais uma agência das Nações Unidas alerta para o aumento dos níveis de exclusão social no país.
A relatora especial das Nações Unidas para a pobreza extrema e direitos humanos considera que os elevados níveis de exclusão no país podem representar uma ameaça à estabilidade social.
Mais uma agência das Nações Unidas veio a público associar-se ao grupo de organizações nacionais e internacionais que denunciam as degradantes condições de vida a que a maior parte da população moçambicana se encontra mergulhada. Ontem, a relatora especial das Nações Unidas para a pobreza extrema e direitos humanos, Magdalena Sepúlveda, concedeu uma conferência de imprensa, em Maputo, na qual faz notar que, apesar do bom desempenho económico e de duas décadas de paz e estabilidade política, mais de metade dos moçambicanos continua abaixo da linha da pobreza. Aliás, Sepúlveda visitou o país de 8 a 16 de Abril do ano em curso e escalou várias províncias do país, onde manteve encontros com diversos extractos da sociedade moçambicana e concluiu que “é um facto inevitável que um número significativo de moçambicanos vive em situação de extrema privação e exclusão social. Portanto, os que se encontram em melhor situação na sociedade devem redobrar os seus esforços para garantir que todos possam ter uma vida digna, um objectivo que seja certamente alcançável mesmo com os recursos limitados do país”, disse.
Fazendo uma espécie de análise dos vários contactos que manteve com as forças vivas da sociedade, Sepúlveda disse que existia um “sentimento geral que mais deveria ser feito para garantir uma melhor distribuição da riqueza, de modo a garantir que mais moçambicanos comecem a usufruir dos benefícios do progresso dos últimos 20 anos. Este é, particularmente, o caso relacionado com os lucros do sector de mineração e extracção”, diz para em seguida afirmar: “os recursos naturais do país deveriam ser considerados bens comuns, que deveriam beneficiar toda a população”. Esta colocação vai ao encontro com a de vários relatórios nacionais e internacionais, que acusam sectores ligados ao partido Frelimo de usufruírem sozinhos dos ganhos advindos dos recursos naturais.
Esta alta funcionária das Nações  Unidas faz notar que embora seja mais evidente nas zonas rurais do país, ela também está a tornar-se prevalecente nos centros urbanos. “Durante a minha visita, testemunhei padrões muito elevados de conforto em algumas zonas da cidade de Maputo, o que contrasta, drasticamente, com a dura realidade em zonas maiores da capital. A maioria da população urbana tem poucas oportunidades de aceder a um emprego formal, dependendo, em vez disso, da actividade económica informal com baixo rendimento e precário. Consequentemente, ela vive em condições extremas, por vezes equivalente às vividas pelas comunidades rurais. Se não tratadas urgentemente, essas disparidades evidentes e os elevados níveis de exclusão social podem representar uma ameaça à estabilidade social, conforme pressagiado pelos protestos em Maputo nos últimos anos...os riscos significantes de estagnação na redução da pobreza devem ser tratados de forma convincente”.

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