"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A propósito de ser citado a dizer que Guebuza é “mafioso” e “corrupto”
Leonardo Simão diz que Chapman o pôs a dizer coisas “descabidas, maliciosas e tendenciosas”

 Maputo (Canalmoz) - Depois de ter anunciado à Imprensa que não queria pronunciar-se sobre os conteúdos dos telegramas da embaixada americana em Maputo, caçados pelo Wikileaks, em que Leonardo Simão aparece a duvidar da competência de Armando Guebuza (presidente do partido Frelimo e agora no seu segundo e último mandato constitucional como presidente da República) o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Joaquim Chissano veio no semanário “Domingo” e no “Notícias” esta semana, em forma de publicidade – “Comunicado de Imprensa” – alegar que lhe atribuíram “afirmações atentatórias à dignidade e moral de dirigentes e instituições moçambicanas”.
Num telegrama revelado pelo Wikileaks há dias, Leonardo Simão é citado pelo então (2009) número um da missão diplomática dos Estados Unidos da América em Maputo, Todd Chapman – agora em missão no Afeganistão – a afirmar que Guebuza usa métodos mafiosos e práticas corruptas.
Nesse telegrama “Confidencial” que Todd Chapman expediu para o Departamento de Estado em Washington a 28 de Maio de 2009, o então Encarregado de Negócios americano em Maputo, Todd Chapman, cita Leonardo Simão, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação durante a presidência de Joaquim Chissano, a dizer ser sua “convicção que o presidente Guebuza está directamente envolvido em actividades corruptas e dirige o partido como a máfia”.
Em coluna publicitária na página 32 do semanário “Domingo” e no “Notícias” da última segunda-feira, Leonardo Simão aparece a escrever textualmente o seguinte:
“Alguns órgãos de informações moçambicana têm vindo a publicar notícias/artigos, aparentemente obtidos da Wikileaks, nos quais me são atribuídas afirmações atentatórias à dignidade e moral de dirigentes e instituições moçambicanas.”
“Ao longo dos anos que servi o Governo, a minha conduta com os parceiros internacionais foi sempre guiada pela necessidade de promoção de boas relações entre Moçambique e esses parceiros. Como cidadão nacional de pleno direito e com responsabilidades na sociedade moçambicana, continuo hoje a ser guiado pelos mesmos princípios, e objectivos, razão pela qual considero descabidas, maliciosas e tendenciosas tais afirmações”, prossegue Leonardo Simão.
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e actual director da Fundação Joaquim Chissano acrescenta no mesmo anúncio publicitário que “por este meio, venho repudiar as referidas afirmações que além de caluniosas, pretendem criar conflitos de denegrir a minha imagem.”
“Por isso, que fique bem claro que em nenhum momento pronunciei tais afirmações, sendo as mesmas, da responsabilidade de quem com as mesmas, pretende atingir objectivos obscuros à custa do meu nome”.
O autor do comunicado assina: “Maputo, 09 de Setembro de 2011, Dr. Leonardo Santos Simão (antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação)”.
Na mesma edição, o semanário “Domingo”, de 11 de Setembro, afirma na sua rubrica ‘Bula Bula’ que “o Wikileaks continua a quebrar a loiça em casa nossa”. Escreve ainda que “o Wikileaks continua a fazer das suas publicando relatos que deveriam ficar-se pelos arcanjos da diplomacia”. Admite desse modo que Leonardo Simão terá de facto em algum momento dito o que consta do telegrama que Todd Chapman escreveu para o Departamento de Estado, CIA e DIA.
Lembra ainda o “Domingo” que o empresário Ahmad Camal também é citado a dizer certas coisas no mesmo telegrama de Chapman em que Leonardo Simão é referido.
Nesse telegrama Camal é mencionado como tendo dito que há “necessidade urgente de reformas” no seio do partido Frelimo e que “altos dirigentes da Frelimo – incluindo ministros no desempenho de funções – possuem fortes laços com os narcotraficantes e indivíduos envolvidos na lavagem de dinheiro”.
Camal falando ao Canalmoz/Canal de Moçambique, a propósito dos telegramas de Chapman caçados pelo Wikileaks e libertados há dias, disse que não se lembra de ter dito o que Chapman lhe atribui no telegrama, mas confirmou que efectivamente acredita que em Moçambique não há vontade política para combater o narcotráfico como é citado a dizer no telegrama de Todd Chapman. (Redacção)

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