Dom Jaime Gonçalves alerta: “Frelimo e Renamo devem dialogar sobre o dossier segurança armada”
“O problema de acomodação ou enquadramento daqueles seguranças do líder da oposição ficou resolvido em Roma, faltando até aqui o bom censo dos moçambicanos.” (…)“Se tal tivesse sido cumprido evitava-se o ambiente de desconfiança por parte dos ambos lados e haveria garantia de que o País jamais retornaria à guerra.” (…) “Moçambique precisa de homens corajosos com capacidade de interromper o plano de derrame de sangue para aplicar o acordado em Roma” – defendeu Dom Jaime Gonçalves na entrevista exclusiva que concedeu ao Canalmoz e ao Canal de Moçambique na BeiraBeira (Canalmoz) – O arcebispo da Beira, Dom Jaime Pedro Gonçalves, vai aposentar-se a 26 de Novembro próximo. Este dado foi confirmado por ele próprio, quando contactado este fim-de-semana pelo Canalmoz – Diário Digital e Canal de Moçambique – Semanário impresso. Com efeito, ele avançou que se vai aposentar devido à idade. Dom Jaime encontra-se em funções desde 1976, na Beira.
O prelado tem-se destacado pelas suas posições frontais e críticas ao despotismo frelimista, partido esse que se mantém atento às suas homilias, e não raras vezes, reage com recados.
Em momentos diferentes Dom Jaime causou ataques de nervos a três figuras do partido Frelimo. O então secretário-geral da Frelimo, Manuel Tomé, e Felisberto Tomás, antigo governador de Sofala, já chegaram a advertir Dom Jaime Gonçalves para que não se metesse na política. Pronunciamentos bastantes contundentes seus também já levaram, num passado recente, Filipe Paúnde, então secretário provincial da Frelimo em Sofala e agora secretário-geral da Frelimo, a lançar contra o prelado, ataques velados. Nunca deixou de chamar à atenção da Renamo e até de Afonso Dhlakama quando eventualmente entende oportuno.
Dom Jaime, no entanto, tem-se revelado um homem de fortes convicções e coerente para consigo próprio continuando a dizer o que lhe vai na alma e continuando a ignorar as ameaças dos seus detractores. O arcebispo da Beira que mais se notabilizou depois de D. Sebastião Soares de Resende – o primeiro bispo da Beira – também este um forte crítico do regime, na altura o colonial – nasceu no dia 26 de Novembro de 1936, em Nova Sofala, na província de Sofala. Tem agora 74 anos.
Dom Jaime, esse homem frontal, passará à condição de jubilado, efectivamente, depois de o novo arcebispo da Beira entrar em funções. Desconhece-se até ao momento quem será o futuro prelado da Beira. A partir de 26 de Novembro iniciar-se-á o processo de selecção.
O arcebispo da Chiveve é vertical pela forma como fixa a realidade sócio-política moçambicana e a repreende. Entrará para a história como um dos impulsionadores da cidadania activa e mediador do Acordo Geral de Paz, de 04 de Outubro de 1992, em Roma, que permitiu pôr fim a 16 anos de Guerra Civil entre o governo frelimista mono partidário na altura liderado por Joaquim Chissano, e a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO) liderada por Afonso Dhlakama.
Dom Jaime não só se desentendeu com a Frelimo, mas também com a Renamo, de Afonso Dhlakama, com o qual o partido no poder suspeitava que ele tivesse vínculos. A rota de colisão com a Renamo veio ao de cima depois da Revolução de 28 de Agosto de 2008, na Beira, da qual resultou a expulsão de Daviz Simango da Renamo.
Nesse momento Dhlakama acusou Dom Jaime de traição, alegadamente por apoiar Daviz Simango. O arcebispo não reagiu e a opinião pública acusou Dhlakama e outros seus seguidores de estarem conluiados com a Frelimo. Em resultado disso Daviz Simango, filho do Reverendo Urias Simango, viria ser eleito presidente do Município da Beira por folgada margem protagonizando como independente a primeira vitória eleitoral sobre os dois beligerantes na guerra civil.
Recentemente, numa conferência de imprensa, Dom Jaime afirmou que as declarações do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de aquartelar os seus ex-guerrilheiros não lhe causam espanto, tendo em conta os seus discursos anteriores.
O arcebispo da Beira, Dom Jaime Pedro Gonçalves, afirmou mesmo que não ficou surpreendido nem tão pouco alarmado com as recentes declarações do líder da Renamo, segundo as quais pretende criar quartéis em diversos pontos do país para aquartelar os seus ex-guerrilheiros e militares que estão alegadamente a ser desmobilizados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique numa atitude interpretada por diversos quadrantes nacionais e internacionais como tendente a fazer das FADM um reduto da Frelimo.
“Moçambique, nos seus poucos anos de independência, está experimentando a diversidade de partidos, diversidade de ideias e de opiniões quase sempre oposta à dos seus habitantes. Ainda não acabámos de viver as ideias que estão na cabeça de cada moçambicano. Por isso, não me admira que ainda haja pessoas que de alguma maneira possam prever alguma desordem e alguma falta de paz nas nossas cidades”, observou na altura Dom Jaime.
Um dos assuntos que levou por vezes a relação de Dom Jaime com a Frelimo a azedar foi precisamente o da segurança armada de Afonso Dhlakama. O prelado disse não haver motivo de se lhes chamar “homens armados”, e defendeu sempre que são a segurança armada de Dlakama e da Renamo. Dom Jaime sempre disse que tais homens existem a coberto do Protocolo IV do AGP. E voltou a repisar issomesmo, na conversa que manteve com o Canalmoz e Canal de Moçambique, este fim-de-semana.
A despeito de escaramuças que amiúde envolve estes homens e a Polícia da República de Moçambique Dom Jaime tem uma posição: “Sofala não deve ser província de tumultos, que se pauta pelo diálogo com o cano das armas, mas sim uma terra dos homens que privilegiam o diálogo com recurso às palavras”.
“Pedimos aos homens sábios moçambicanos para que não nos matem gratuitamente”. Este é mais um aviso à navegação deste religioso que apesar de estar para se reformar diz que se manterá atento aos sinais do tempo.
Dom Jaime lançou por várias vezes apelos no mesmo sentido, em suas homilias. Aos dois antigos beligerantes ele apelou amiúde no sentido de se sentarem para resolverem pacificamente os seus problemas como é o caso dos alegados homens armados.
Numa alusão implícita à Frelimo e a Renamo, Dom Jaime Gonçalves recordou que “os homens de facto deveriam aplicar aquilo que foi combinado perante testemunhas oficiais sob a mediação das conversações que culminou com a assinatura de AGP, testemunhado pela Organização Nações Unidas (ONU) e outros governos considerados mais solenes do mundo.”
Dom Jaime, na esteira dos entendimentos de Roma, continua a defender que nos termos e no espírito do AGP a segurança armada da Renamo devia ser enquadrada na Polícia. Transcorridos 19 anos isso ainda não sucedeu. Disso tem resultado escaramuças que suscitam terror e já causaram muitas mortes numa sociedade que caminha rumo ao desenvolvimento e pretende viver em Paz.
“O que se põe é que o problema de acomodação ou enquadramento daqueles seguranças do líder da oposição ficou resolvido em Roma, faltando até aqui o bom censo dos moçambicanos”, voltou a repisar Dom Jaime nesta entrevista que acaba de conceder ao Canalmoz e ao Canal de Moçambique, na Beira.
“Se tal tivesse sido cumprido evitava-se o ambiente de desconfiança por parte dos ambos lados e haveria garantia de que o País jamais retornaria à guerra”.
“Moçambique precisa de homens corajosos com capacidade de interromper o plano de derrame de sangue para aplicar o acordado em Roma”, defendeu Dom Jaime Gonçalves.
Dom Jaime lançou por várias vezes apelos no mesmo sentido, em suas homilias. Aos dois antigos beligerantes ele apelou amiúde no sentido de se sentarem para resolverem pacificamente os seus problemas como é o caso dos alegados homens armados.
Numa alusão implícita à Frelimo e a Renamo, Dom Jaime Gonçalves recordou que “os homens de facto deveriam aplicar aquilo que foi combinado perante testemunhas oficiais sob a mediação das conversações que culminou com a assinatura de AGP, testemunhado pela Organização Nações Unidas (ONU) e outros governos considerados mais solenes do mundo.”
Dom Jaime, na esteira dos entendimentos de Roma, continua a defender que nos termos e no espírito do AGP a segurança armada da Renamo devia ser enquadrada na Polícia. Transcorridos 19 anos isso ainda não sucedeu. Disso tem resultado escaramuças que suscitam terror e já causaram muitas mortes numa sociedade que caminha rumo ao desenvolvimento e pretende viver em Paz.
“O que se põe é que o problema de acomodação ou enquadramento daqueles seguranças do líder da oposição ficou resolvido em Roma, faltando até aqui o bom censo dos moçambicanos”, voltou a repisar Dom Jaime nesta entrevista que acaba de conceder ao Canalmoz e ao Canal de Moçambique, na Beira.
“Se tal tivesse sido cumprido evitava-se o ambiente de desconfiança por parte dos ambos lados e haveria garantia de que o País jamais retornaria à guerra”.
“Moçambique precisa de homens corajosos com capacidade de interromper o plano de derrame de sangue para aplicar o acordado em Roma”, defendeu Dom Jaime Gonçalves.
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