"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 25 de março de 2020

Por que demoram mexidas nas forças armadas?

terça-feira, 24 de março de 2020



Se Moçambique for um país normal, a ocupação, ontem, pelos terroristas à Vila da Mocímboa da Praia provocará revolução nas altas patentes do Exército. Uns amigos militares contaram-me à semanas que os militares, às vezes, ficam dias sem refeições. E tem que recorrer às populações para se alimentarem. São populações locais que muitas vezes os alimentam. Será que o ministro da Defesa e o Presidente da República não têm conhecimento disso? Isso me parece um problema de gestão e não de falta. Alguém deve ser responsabilizado. Estamos a assistir a uma província a ser ocupada por forças terroristas, como se isso fosse normal.
Consta-me que os terroristas estão a ganhar mais aceitação da população do que as forças armadas.
O Chefe do Estado e o ministro da Defesa devem ordenar um inquérito no terreno para averiguar tudo o que está a acontecer. Devem responsabilizar determinadas patentes por estas derrotas. É preciso mudar algumas pedras na gestão militar antes de os terroristas conquistarem a legitimidade das populações.
Esta guerra está a caminhar para uma situação complicada para o governo: de os terroristas se tornarem legítimos defensores da população locais e a população acarinhá-los. Foi assim a história de Luta de Libertação Nacional, iniciada em 1964. A Forças Armadas de Libertação Nacional, à medida que ocupavam as aldeias ou povoações controladas pelos portugueses, tranquilizavam a população e diziam-na que estavam a combater as forças coloniais, repressoras. Foi assim que a FRELIMO foi conquistando a legitimidade junto da população.
A Renamo, na guerra iniciada em 1976, também fez o mesmo para conquistar a população.
Um aspecto comum é que as forças que perdem terreno tendem a ser repressivas e brutais contra a população que tenta ser conquistada pelos actores tidos como inimigos.
A situação em Cabo Delgado caminha para esse cenário. É tempo de o Governo reflectir seriamente antes que os terroristas sejam legitimados pelas populações locais.

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