27/03/2020
EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (9)
Hoje não há bom dia. Estou indignado com a fragilidade do Governo em dar resposta à insurgência em Cabo Delgado.
As pessoas estão a viver o terror e o medo e o Governo só lhes pede calma. O seu Governo, Presidente, deixa muito a desejar. Por que o Presidente não pega os seus mais directos colaboradores e vai se instalar em Cabo Delgado? Até pode ser em sua casa em Mueda. O teatro de operações está lá e não no quintal cômodo da Ponta Vermelha a apreciar o acasalamento dos pavões.
A partir do palácio da Ponta Vermelha, está claro que o senhor não comanda nada. Esses ataques duram desde 2017 e ainda não fizemos nada. Este Governo é incompetente. E o Presidente, que devia ter idade suficiente para agir como adulto, comporta-se como um adolescente. Age como se tivesse garantia secreta de que mesmo sem se sacrificar há-de, num sopro de milagre, acabar com a insurgência em Cabo Delgado.
Se de facto se tratasse da sobrevivência do regime, se as suas mordomias estivessem em causa, há muito que o Governo teria reagido. Mas como é o povo….
Estamos a perder terreno, Presidente. O exército do califado, como eles se auto-denominam, está a passear a sua classe. Até iça bandeiras e grava vídeos no quartel das Forças de Defesa e Segurança.
Será que o Presidente esqueceu que, em primeiro lugar, Cabo Delgado é sua província? Fico indignado ao vê-lo tratar a sua terra natal com tanto distanciamento. E indigna-me ainda o facto de parecer que o Presidente não sabe bem o que deve fazer. Afinal, o que fazia quando era ministro da Defesa? Quais é que eram as suas competências? A situação de Cabo Delgado, Presidente, precisa de urgência. Precisa de uma estratégia para já. Não de coelhos que o senhor julga que vai tirar da cartola. Precisa-se de uma estratégia arrojada, eficaz, demolidora. Deixa de culpabilizar malfeitores. Isso é estratégia para desvalorizar o que realmente acontece por lá. A sua manobra é arriscada. Que credibilidade teremos- se é que ainda não perdemos tudo- junto de grandes investidores relativamente às reservas de gás?
Não seria, de todo, espantoso se decidissem não avançar com os investimentos previstos para a exploração de gás natural no País. Quer dizer, vamos perder uma oportunidade absolutamente histórica por causa da incompetência do Governo?
Temos ou não exército? Está equipado ou não. É bem treinado ou não? Come bem ou o não? Se não reunimos nenhuma destas exigências, temos que pedir socorro-apesar de que para já ninguém nos vai ajudar. O mundo está preocupado com o coronavírus e não com governos incompetentes que se deixam esbofetear por um grupelho de maltrapilhos que se intitulam de exército do califado.
Até falam português. Talvez alguns deles até sejam vizinhos do Presidente em Mueda. O que se nota é que as Forças de Defesa e Segurança estão à deriva. Há falta de liderança. Não enfrentam o inimigo. Até ajudam-no a gravar vídeos para postar nas redes sociais.
E o Presidente, o comandante-em-chefe, está no palácio da Ponta Vermelha. Dirige as operações à distância. Está em lugar cômodo, a engordar, enquanto os militares são picados por mosquitos em Cabo Delgado, a passarem fome, chuva, frio. Mas têm que combater o inimigo. Com que motivação? Já experimentou o Presidente visitar as suas posições? Procurar saber o que tem sido o seu dia-a-dia?
Mude-se para Cabo Delgado, mesmo que seja só por dois meses, verá que a situação vai melhorar.
DN – 27.03.2020
Hoje não há bom dia. Estou indignado com a fragilidade do Governo em dar resposta à insurgência em Cabo Delgado.
As pessoas estão a viver o terror e o medo e o Governo só lhes pede calma. O seu Governo, Presidente, deixa muito a desejar. Por que o Presidente não pega os seus mais directos colaboradores e vai se instalar em Cabo Delgado? Até pode ser em sua casa em Mueda. O teatro de operações está lá e não no quintal cômodo da Ponta Vermelha a apreciar o acasalamento dos pavões.
A partir do palácio da Ponta Vermelha, está claro que o senhor não comanda nada. Esses ataques duram desde 2017 e ainda não fizemos nada. Este Governo é incompetente. E o Presidente, que devia ter idade suficiente para agir como adulto, comporta-se como um adolescente. Age como se tivesse garantia secreta de que mesmo sem se sacrificar há-de, num sopro de milagre, acabar com a insurgência em Cabo Delgado.
Se de facto se tratasse da sobrevivência do regime, se as suas mordomias estivessem em causa, há muito que o Governo teria reagido. Mas como é o povo….
Estamos a perder terreno, Presidente. O exército do califado, como eles se auto-denominam, está a passear a sua classe. Até iça bandeiras e grava vídeos no quartel das Forças de Defesa e Segurança.
Será que o Presidente esqueceu que, em primeiro lugar, Cabo Delgado é sua província? Fico indignado ao vê-lo tratar a sua terra natal com tanto distanciamento. E indigna-me ainda o facto de parecer que o Presidente não sabe bem o que deve fazer. Afinal, o que fazia quando era ministro da Defesa? Quais é que eram as suas competências? A situação de Cabo Delgado, Presidente, precisa de urgência. Precisa de uma estratégia para já. Não de coelhos que o senhor julga que vai tirar da cartola. Precisa-se de uma estratégia arrojada, eficaz, demolidora. Deixa de culpabilizar malfeitores. Isso é estratégia para desvalorizar o que realmente acontece por lá. A sua manobra é arriscada. Que credibilidade teremos- se é que ainda não perdemos tudo- junto de grandes investidores relativamente às reservas de gás?
Não seria, de todo, espantoso se decidissem não avançar com os investimentos previstos para a exploração de gás natural no País. Quer dizer, vamos perder uma oportunidade absolutamente histórica por causa da incompetência do Governo?
Temos ou não exército? Está equipado ou não. É bem treinado ou não? Come bem ou o não? Se não reunimos nenhuma destas exigências, temos que pedir socorro-apesar de que para já ninguém nos vai ajudar. O mundo está preocupado com o coronavírus e não com governos incompetentes que se deixam esbofetear por um grupelho de maltrapilhos que se intitulam de exército do califado.
Até falam português. Talvez alguns deles até sejam vizinhos do Presidente em Mueda. O que se nota é que as Forças de Defesa e Segurança estão à deriva. Há falta de liderança. Não enfrentam o inimigo. Até ajudam-no a gravar vídeos para postar nas redes sociais.
E o Presidente, o comandante-em-chefe, está no palácio da Ponta Vermelha. Dirige as operações à distância. Está em lugar cômodo, a engordar, enquanto os militares são picados por mosquitos em Cabo Delgado, a passarem fome, chuva, frio. Mas têm que combater o inimigo. Com que motivação? Já experimentou o Presidente visitar as suas posições? Procurar saber o que tem sido o seu dia-a-dia?
Mude-se para Cabo Delgado, mesmo que seja só por dois meses, verá que a situação vai melhorar.
DN – 27.03.2020
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