Reactivação do diálogo político com mediação de J. Zuma e da Igreja Católica Romana
Renamo diz que aguarda resposta
- Uma proposta para o reinício do diálogo político com o governo foi submetida em Outubro, mas, o partido de Afonso Dhlakama diz que ainda não recebeu qualquer reacção
- António Muchanga justifica a necessidade de novos mediadores com base no argumento de que os actuais (ou anteriores) eram “aprendizes”, por isso, nada produziram
Numa altura em que o Presidente da República reclama a existência de “oportunistas” no seio dos mediadores no chamado “diálogo político”, a Renamo diz que continua a espera da resposta do governo moçambicano, isto na perspectiva de as partes voltarem a sentar-se à mesma mesa e, de forma conjunta, buscarem mecanismos para a devolução de um ambiente de paz e estabilidade efectivas ao território nacional.
Numa conferência de imprensa ontem convocada, o porta-voz da Renamo disse a jornalistas que o gabinete do presidente do seu partido enviou, ao governo moçambicano, um convite para o rápido reinício do diálogo. Ao mesmo tempo, uma proposta de figuras que podem fazer parte da nova equipa negocial foi apresentada.
De forma concreta, António Muchanga disse a jornalistas que a proposta da nova equipa negocial inclui o actual presidente da vizinha República da África do Sul e ainda de figuras religiosas ligadas à igreja católica romana.
Entretanto, lamentou Muchanga, até aqui não existe qualquer resposta de quem de direito, realidade que faz com que a Renamo esteja de mãos atadas. “Não podemos avançar sozinhos” – disse Muchanga, deixando a responsabilidade no seio do governo.
O facto de maior responsabilidade ser atribuída ao governo e ao Presidente da República é justificado pelo entendimento de quem efectivamente tem poder e responsabilidade moral, humana e profissional de assegurar o bem-estar geral dos 25 milhões de moçambicanos.
“Não elegemos um presidente para se lamentar, mas sim para resolver os nossos problemas e os problemas do país” – assim comentam populares quando lhes é questionada a real responsabilidade tanto de Afonso Dhlakama, assim como de Filipe Nyusi, na busca da paz e estabilidade nacional.
António Muchanga, na conferência de imprensa que ontem lugar, justificou a necessidade de nova equipa negocial pelo facto de a anterior, no entender do porta-voz da Renamo, ter-se mostrado que era um grupo composto por “aprendizes”. O indicativo de ter sido grupo de aprendizes observa-se, a prior, pelos resultados conseguidos. Ou melhor, pela falta de resultados.
“Os (mediadores) que nós tínhamos eram aprendizes e não tinham experiência. Por isso o processo foi dar naquela vergonha que todos nós vimos. Tivemos a oportunidade de os agradecer há mais de um mês”- disse Muchanga, dando a entender que os “mediadores aprendizes” já estão avisados que não devem mais continuar a mediar as partes.
Justificou ainda que a escolha recaiu sobre Jacob Zuma pelo facto de este ter liderado, com êxito, o processo político zimbabueano e a igreja católica romana pelo facto de, também com êxito, ter conseguido liderar o processo de pacificação que culminou com a assinatura do Acordo-Geral de Paz.
Isto acontece numa altura em que, na última sexta-feira, o Presidente da República, Filipe Nyusi, acusou, os actuais intermediários do diálogo político de estarem mais a busca de protagonismo, do que necessariamente buscar caminhos de pacificação efectiva do país.
Nisto, e no sentido de inverter esta marcha, Filipe Nyusi assegurou que démarches estavam em curso no sentido de “reduzir o caudal dos intermediários”.
No diálogo político, sabe-se, estão figuras como o reitor da Universidade A Politécnica, Lourenço do Rosário, o bispo emérito da Diocese dos Libombos, Dom Dinis Sengulane, o padre Filipe Couto, entre outras figuras, particularmente de cariz religioso.(Ilódio Bata)
MEDIAFAX – 22.12.2015
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