Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Cinismo, hipocrisia são condimentos para a guerra.
A política faz-se no concreto e os seus resultados poucas vezes coincidem com aquilo que os manuais de ciência política prescrevem.
Assiste-se a uma busca até certo ponto pueril de protagonismo em Moçambique.
Legiões de governantes, gente catalogada de intelectual, líderes religiosos, líderes políticos e pseudopolíticos aproveitam tudo o que seja oportunidade para aparecer e elevarem o seu estatuto.
O que é caricato e gravemente atentatório contra o direito do público de ser informado com isenção é o trabalho esmiuçado de desconstruir realidades e apresentar dados falseados da mesma. Quando o caldo estiver no chão, de nada valerão as análises ou comentários eivados de inverdades. Estaremos novamente na “estaca zero”.
A sede do lucro e das benesses do regime não deveriam cegar pessoas com responsabilidades inalienáveis.
Outro aspecto importante que não se pode esquecer é que a mentira, mesmo que seja oficial, tem prazo de validade muito curto.
Quantas vezes não se assiste a canais televisivos e radiofónicos “vomitando” o que facilmente se descobre serem encomendas do regime do dia?
Exímios defensores do “status” e dependentes do mesmo para sobreviver e sobressair têm ao longo dos anos defendido fraudes eleitorais, e com recompensas, como se tem visto.
Alguns esquecem-se rapidamente do que aconteceu, mesmo que seja num passado recente.
Os que avançam com teses de que o ataque ocorrido em Chibata contra a comitiva em que seguia Afonso Dlahkama, líder da Renamo, foi obra da própria Renamo são declaradamente esquecidos ou amnésicos. Quem tenha sido o mentor da operação e quais tenham sido os objectivos a atingir deve ficar claro que as consequências são uma verdadeira incógnita.
Lembra-se alguém que uma comitiva de AMMD já foi atacada em Gaza?
Lembra-se alguém que comícios da oposição, Renamo e MDM, já foram inviabilizados?
Lembra-se alguém que a PRM na Munhava, Beira, já desbaratou um comício do MDM, pondo gente em debandada através do uso de gás lacrimogéneo, balas de borracha e bala reais?
Lembra-se alguém que membros da Renamo e do MDM já foram presos alegadamente por causa de ilícitos eleitorais?
Mas lembra-se alguém que membros da Frelimo apanhados em flagrante delito procurando “encher votos” nunca foram delitos ou levados à barra dos tribunais?
Não é preciso ser especialista em “cheiro de perfumes e oftalmologia” para descobrir que a cor da PRM é vermelha e com cheiro vermelho de “rosa”.
A relutância em integrar e manter os efectivos da Renamo na PRM e FADM obedece a uma agenda específica que se centra em controlar as forças de defesa e segurança e através destas garantir a manutenção do poder.
É a acção destas duas forças militarizadas que o demonstra acima de qualquer discurso ou proclamação de cunho constitucionalista ou legalista.
Ao longo dos anos, esta PRM tem-se caracterizado por proteger a Frelimo e atacar a oposição sempre que a manutenção do poder pela Frelimo esteja em causa ou em jogo.
Afirmar isto não é difamação, pois os factos acumulados o atestam e comprovam. Justificações dúbias, alegação de falta de provas abundam, mas, no fim, quem sai protegido é o partido no poder. Há uma grave dose de hipocrisia na actuação da
PRM, e isso não acontece por acaso.
Quando compatriotas morreram asfixiados numa cela da PRM em Cabo Delgado, não houve nenhuma consequência para os que permitiram que aquilo fosse possível.
Este Moçambique tem tudo para dar certo, mas não se pode governar através de malandrices, banditismo oficial e posicionamentos criminosos.
Respeitar os outros para que sejamos respeitados é uma regra básica de convivência.
É bonito ver moçambicanos engajados na busca da paz por todos os meios ao seu dispor, mas é insensato procurar eliminar os outros como forma de deixar campo livre para implementação de qualquer que seja a agenda.
Não é sustentável supor que eliminando AMMD ou outro líder da oposição se consegue a estabilidade e a paz.
O que alguns analistas sugerem ser a opção mais viável para a paz, savimbização de AMMD, tem muito que se lhe diga.
Não há situações gémeas, e mesmo os gémeos são na verdade diferentes.
Os efeitos práticos, de imediato, podem ser a radicalização e o surgimento de uma oposição armada e retalhada. Isso, em si, proporcionaria a emergência de forças interessadas em ganhar protagonismo através da efectiva secessão.
“Sudanização” pode parecer um termo que não afecta Moçambique, mas é algo que aconteceu num país específico de África e pode voltar a acontecer em outro país concreto. É a forma como se resolvem os problemas políticos que dita os rumos que os países seguem.
Alguém falava, através de uma rede social, que havia profetas da violência politicamente motivada em Moçambique, mas eu diria que nem tanto assim.
O que existe são analistas arreigadamente defendendo a exclusão dos outros, como se os outros não fossem moçambicanos, com seus plenos direitos consagrados naquela Constituição tantas vezes esgrimida como sede de tudo o que se deve fazer no país.
Alguns movimentos ensaiados e concretizados discretamente podem ser aquilo que já deveria ter sido feito para aproximar as partes e discutir com seriedade e sem tabus os “dossiers” inconclusivos existentes.
JAC e AMMD têm muita coisa para dizer um ao outro. E se a Beira conseguir servir de palco para o relançamento do diálogo entre os ex-beligerantes só temos que saudar a iniciativa de convidá-los a participar no jubileu da UCM.
O avanço da agenda de paz precisa de mediadores de peso que tenham a confiança das partes, o que sinceramente não acontece com a maioria daqueles que deambulam no CCJC.
Urge relançar iniciativas de pacificação do país, o que passa pelo “recolher das armas” de
modo efectivo e generalizado.
Pacificar tem de significar despartidarização das forças de defesa e segurança.
Pacificar reconciliando é o caminho a seguir.
Pacificar democratizando a política e a economia.
Pacificar separando efectivamente os poderes democráticos.
Pacificar é um acto patriótico sublime pois nele assentam valores e anseios de milhões de moçambicanos.
Urge tirar a iniciativa aos verdadeiros perturbadores da agenda de paz e de desenvolvimento em Moçambique.
Retirá-los da comunicação social pública seria um primeiro passo muito importante. Reformá-los compulsivamente é uma medida a considerar.
Revisitar os “dossiers” inconclusivos de 1992-1994 e adicionar os termos do Acordo de Cessação das Hostilidades assinado por AEG e AMMD podem ser uma boa base de partida para avançar e oferecer aos moçambicanos o que mais anseiam.
Não há moçambicanos superiores nem outros inferiores que deveriam ser sujeitos a imposição perpétua.
Honestidade e responsabilidade sejam o que move os líderes para que sejam verdadeiros líderes. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 18.09.2015
Exímios defensores do “status” e dependentes do mesmo para sobreviver e sobressair têm ao longo dos anos defendido fraudes eleitorais, e com recompensas, como se tem visto.
Alguns esquecem-se rapidamente do que aconteceu, mesmo que seja num passado recente.
Os que avançam com teses de que o ataque ocorrido em Chibata contra a comitiva em que seguia Afonso Dlahkama, líder da Renamo, foi obra da própria Renamo são declaradamente esquecidos ou amnésicos. Quem tenha sido o mentor da operação e quais tenham sido os objectivos a atingir deve ficar claro que as consequências são uma verdadeira incógnita.
Lembra-se alguém que uma comitiva de AMMD já foi atacada em Gaza?
Lembra-se alguém que comícios da oposição, Renamo e MDM, já foram inviabilizados?
Lembra-se alguém que a PRM na Munhava, Beira, já desbaratou um comício do MDM, pondo gente em debandada através do uso de gás lacrimogéneo, balas de borracha e bala reais?
Lembra-se alguém que membros da Renamo e do MDM já foram presos alegadamente por causa de ilícitos eleitorais?
Mas lembra-se alguém que membros da Frelimo apanhados em flagrante delito procurando “encher votos” nunca foram delitos ou levados à barra dos tribunais?
Não é preciso ser especialista em “cheiro de perfumes e oftalmologia” para descobrir que a cor da PRM é vermelha e com cheiro vermelho de “rosa”.
A relutância em integrar e manter os efectivos da Renamo na PRM e FADM obedece a uma agenda específica que se centra em controlar as forças de defesa e segurança e através destas garantir a manutenção do poder.
É a acção destas duas forças militarizadas que o demonstra acima de qualquer discurso ou proclamação de cunho constitucionalista ou legalista.
Ao longo dos anos, esta PRM tem-se caracterizado por proteger a Frelimo e atacar a oposição sempre que a manutenção do poder pela Frelimo esteja em causa ou em jogo.
Afirmar isto não é difamação, pois os factos acumulados o atestam e comprovam. Justificações dúbias, alegação de falta de provas abundam, mas, no fim, quem sai protegido é o partido no poder. Há uma grave dose de hipocrisia na actuação da
PRM, e isso não acontece por acaso.
Quando compatriotas morreram asfixiados numa cela da PRM em Cabo Delgado, não houve nenhuma consequência para os que permitiram que aquilo fosse possível.
Este Moçambique tem tudo para dar certo, mas não se pode governar através de malandrices, banditismo oficial e posicionamentos criminosos.
Respeitar os outros para que sejamos respeitados é uma regra básica de convivência.
É bonito ver moçambicanos engajados na busca da paz por todos os meios ao seu dispor, mas é insensato procurar eliminar os outros como forma de deixar campo livre para implementação de qualquer que seja a agenda.
Não é sustentável supor que eliminando AMMD ou outro líder da oposição se consegue a estabilidade e a paz.
O que alguns analistas sugerem ser a opção mais viável para a paz, savimbização de AMMD, tem muito que se lhe diga.
Não há situações gémeas, e mesmo os gémeos são na verdade diferentes.
Os efeitos práticos, de imediato, podem ser a radicalização e o surgimento de uma oposição armada e retalhada. Isso, em si, proporcionaria a emergência de forças interessadas em ganhar protagonismo através da efectiva secessão.
“Sudanização” pode parecer um termo que não afecta Moçambique, mas é algo que aconteceu num país específico de África e pode voltar a acontecer em outro país concreto. É a forma como se resolvem os problemas políticos que dita os rumos que os países seguem.
Alguém falava, através de uma rede social, que havia profetas da violência politicamente motivada em Moçambique, mas eu diria que nem tanto assim.
O que existe são analistas arreigadamente defendendo a exclusão dos outros, como se os outros não fossem moçambicanos, com seus plenos direitos consagrados naquela Constituição tantas vezes esgrimida como sede de tudo o que se deve fazer no país.
Alguns movimentos ensaiados e concretizados discretamente podem ser aquilo que já deveria ter sido feito para aproximar as partes e discutir com seriedade e sem tabus os “dossiers” inconclusivos existentes.
JAC e AMMD têm muita coisa para dizer um ao outro. E se a Beira conseguir servir de palco para o relançamento do diálogo entre os ex-beligerantes só temos que saudar a iniciativa de convidá-los a participar no jubileu da UCM.
O avanço da agenda de paz precisa de mediadores de peso que tenham a confiança das partes, o que sinceramente não acontece com a maioria daqueles que deambulam no CCJC.
Urge relançar iniciativas de pacificação do país, o que passa pelo “recolher das armas” de
modo efectivo e generalizado.
Pacificar tem de significar despartidarização das forças de defesa e segurança.
Pacificar reconciliando é o caminho a seguir.
Pacificar democratizando a política e a economia.
Pacificar separando efectivamente os poderes democráticos.
Pacificar é um acto patriótico sublime pois nele assentam valores e anseios de milhões de moçambicanos.
Urge tirar a iniciativa aos verdadeiros perturbadores da agenda de paz e de desenvolvimento em Moçambique.
Retirá-los da comunicação social pública seria um primeiro passo muito importante. Reformá-los compulsivamente é uma medida a considerar.
Revisitar os “dossiers” inconclusivos de 1992-1994 e adicionar os termos do Acordo de Cessação das Hostilidades assinado por AEG e AMMD podem ser uma boa base de partida para avançar e oferecer aos moçambicanos o que mais anseiam.
Não há moçambicanos superiores nem outros inferiores que deveriam ser sujeitos a imposição perpétua.
Honestidade e responsabilidade sejam o que move os líderes para que sejam verdadeiros líderes. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 18.09.2015
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