21/09/2015
EDITORIAL
O episódio que teve lugar na noite de 12 de Setembro (sábado) em Manica é um indicador da forma como as coisas sérias são tratadas por aqueles de quem se esperava alguma postura mais responsável ou, se quisermos, menos infantil e menos infantilizante. Mas também teve a particularidade de provar publicamente que os que mais se destacam a fazer anúncios de valor comercial sobre a paz são os que estão na linha da frente para iniciar a guerra.
No mesmo momento em que se regista um coro generalizado centrado na necessidade da paz e de uma postura mais consentânea com aproximação das diferenças e com o diálogo, eis que, na noite de sábado, somos colhidos de surpresa com um ataque à caravana do presidente da Renamo na província de Manica.
Segundo testemunhas oculares, o ataque foi dirigido por homens da Unidade de Intervenção Rápida (qual força com problemas sérios de ordem psíquica), por volta das 19.00 horas, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio.
Os militares do partido Renamo responderam aos tiros e entraram no mato em perseguição dos homens da UIR, enquanto o resto da comitiva, incluindo Dhlakama, permaneceu no local.
Devido ao ataque e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feita uma escolta da sua caravana a pé, para percorrer os restantes 15 quilómetros até Chimoio, o que demorou quatro horas.
Saldo do ataque: a viatura em que seguia o presidente da Renamo foi alvejada com um tiro na porta esquerda, sem feridos. O carro em que seguia a segurança privada de Dhlakama ficou com o para-brisas quebrado, e um terceiro veículo ficou imobilizado,
os pneus furados por balas.
Quatro cidadãos, sendo uns, guardas, e outros, civis, ficaram feridos, um dos quais com gravidade.
Ora, todo este enredo não tem outro nome senão uma tentativa de abate de um alvo selecionado, que poderá ter corrido mal, ou mesmo um atentado visando assassinar em massa e criar caos.
Todas as testemunhas identificaram os homens da Unidade de Intervenção Rápida. Pode até duvidar-se desta informação, porque provavelmente a maioria dos que lá estavam são membros da Renamo. Mas não é novidade para ninguém que a UIR e a Polícia andam há meses a disparar contra homens da Renamo que há mais de 20 anos convivem pacificamente com a população em vários cantos do país.
A obsessão por um plano de desmilitarização da Renamo à força não é nova. As pessoas já compreenderam de que lado o dedo anda louco, a tremer para dar o primeiro tiro. É do lado das tropas governamentais. Isso toda a Frelimo sabe, apesar do teatro cínico de apelos à paz, os quais incluem canções e arregimentação de algumas personalidades para aparecerem em anúncios comerciais.
Há muita e infeliz coincidência em Manica quando se trata de actos para pôr em perigo a paz.
Vamos desagragar: este episódio acontece numa província agora dirigida por Alberto Mondlane, um colaborador de Nyusi no ataque a Sadjundjira em 2013.
Na altura, Alberto Mondlane era ministro do Interior, e é um dos membros da Frelimo que tem um discurso de violência e de desprezo para com a Renamo.
Num passado não muito distante, o mesmo Alberto Mondlane já havia ordenado à Polícia para inviabilizar um comício da Renamo em Macossa, distrito onde Afonso Dhlakama estava a trabalhar. Isso aconteceu por duas vezes, e numa delas a confrontação esteve iminente, tendo valido o bom senso de alguns militares da Renamo que não aderiram às provocações da Polícia.
Falar de assassinar Dhlakama e atribuir esse objectivo à Frelimo não pode causar espanto a ninguém.
Basta lembrar quem está a dirigir a Frelimo, e está a dirigir o país. É Filipe Nyusi. Este mesmo sujeito comandou pessoalmente, em Outubro de 2013, um ataque de larga escala à principal base da Renamo na Gorongosa, Sadjundjira, com o objectivo de assassinar o presidente da Renamo.
Há muito que se vem comentando, dentro da Frelimo, que a solução para o “assunto Dhlakama” é aplicar a fórmula angolana, em alusão aos métodos usados pelo MPLA, partido no poder em Angola, que eliminou Jonas Savimbi, presidente da UNITA.
É preciso ter em mente que esta hipótese não foi colocada de lado. A operação que Nyusi comandou em Sadjundjira não apanhou Dhlakama, mas matou um deputado da Renamo, que também era membro do Conselho de Administração da Assembleia da República, Armindo Milaco.
Portanto não há “Damiões” suficientes para tirar da cabeça dos moçambicanos que a ideia de assassinar Dhlakama ainda é uma equação existente. O nosso dever patriótico é informar que se está a usar uma mentalidade de alucinação típica de garotos para resolver assuntos que deveriam ser resolvidos de forma mais adulta. Haja maturidade! (Canal de Moçambique)
CANALMOZ – 21.09.2015
os pneus furados por balas.
Quatro cidadãos, sendo uns, guardas, e outros, civis, ficaram feridos, um dos quais com gravidade.
Ora, todo este enredo não tem outro nome senão uma tentativa de abate de um alvo selecionado, que poderá ter corrido mal, ou mesmo um atentado visando assassinar em massa e criar caos.
Todas as testemunhas identificaram os homens da Unidade de Intervenção Rápida. Pode até duvidar-se desta informação, porque provavelmente a maioria dos que lá estavam são membros da Renamo. Mas não é novidade para ninguém que a UIR e a Polícia andam há meses a disparar contra homens da Renamo que há mais de 20 anos convivem pacificamente com a população em vários cantos do país.
A obsessão por um plano de desmilitarização da Renamo à força não é nova. As pessoas já compreenderam de que lado o dedo anda louco, a tremer para dar o primeiro tiro. É do lado das tropas governamentais. Isso toda a Frelimo sabe, apesar do teatro cínico de apelos à paz, os quais incluem canções e arregimentação de algumas personalidades para aparecerem em anúncios comerciais.
Há muita e infeliz coincidência em Manica quando se trata de actos para pôr em perigo a paz.
Vamos desagragar: este episódio acontece numa província agora dirigida por Alberto Mondlane, um colaborador de Nyusi no ataque a Sadjundjira em 2013.
Na altura, Alberto Mondlane era ministro do Interior, e é um dos membros da Frelimo que tem um discurso de violência e de desprezo para com a Renamo.
Num passado não muito distante, o mesmo Alberto Mondlane já havia ordenado à Polícia para inviabilizar um comício da Renamo em Macossa, distrito onde Afonso Dhlakama estava a trabalhar. Isso aconteceu por duas vezes, e numa delas a confrontação esteve iminente, tendo valido o bom senso de alguns militares da Renamo que não aderiram às provocações da Polícia.
Falar de assassinar Dhlakama e atribuir esse objectivo à Frelimo não pode causar espanto a ninguém.
Basta lembrar quem está a dirigir a Frelimo, e está a dirigir o país. É Filipe Nyusi. Este mesmo sujeito comandou pessoalmente, em Outubro de 2013, um ataque de larga escala à principal base da Renamo na Gorongosa, Sadjundjira, com o objectivo de assassinar o presidente da Renamo.
Há muito que se vem comentando, dentro da Frelimo, que a solução para o “assunto Dhlakama” é aplicar a fórmula angolana, em alusão aos métodos usados pelo MPLA, partido no poder em Angola, que eliminou Jonas Savimbi, presidente da UNITA.
É preciso ter em mente que esta hipótese não foi colocada de lado. A operação que Nyusi comandou em Sadjundjira não apanhou Dhlakama, mas matou um deputado da Renamo, que também era membro do Conselho de Administração da Assembleia da República, Armindo Milaco.
Portanto não há “Damiões” suficientes para tirar da cabeça dos moçambicanos que a ideia de assassinar Dhlakama ainda é uma equação existente. O nosso dever patriótico é informar que se está a usar uma mentalidade de alucinação típica de garotos para resolver assuntos que deveriam ser resolvidos de forma mais adulta. Haja maturidade! (Canal de Moçambique)
CANALMOZ – 21.09.2015
Sem comentários:
Enviar um comentário