A
Renamo convocou na manhã desta segunda-feira, uma conferência de Imprensa, para
informar que “a Paz está ameaçada” porque há duas semanas que as tropas
conjuntas das FADM e FIR estão a bombardear posições da Renamo na Gorongosa,
província de Sofala. António
Muchanga, membro do Conselho de Estado e porta-voz do presidente da Renamo,
disse que “os comandantes e militares da Renamo estão aborrecidos pela situação
dos ataques militares que vem sendo protagonizados desde a semana passada pelas
forças do Governo contra alvos da Renamo”.
Na sua
declaração, Munchanga disse no entanto o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama,
insiste em não responder às investidas das forças governamentais “ porque diz
ele que, “não queremos afectar negativamente o processo de negociações em curso
em Maputo”. A
Renamo apela ao comandante em chefe das FADM/FIR, Armando Guebuza, “para
assumir as suas responsabilidades mandando parar com estas brincadeiras se é
que quer Paz para os moçambicanos”. A
Renamo ameaça, avisando que se começar a reagir “poderemos voltar ao pior
porque a resposta será dada em todas as frentes indicadas e não só”.António
Muchanga acrescentou que apesar de tudo que está a acontecer o presidente da
Renamo quer ouvir que as negociações estão a andar, “pois ele está preocupado
com a Paz e com bem-estar do Povo”.
“Hoje
(segunda-feira), o presidente Dhlakama falou longamente comigo e senti que ele
está muito preocupado com a situação de perdas nas FADM/FIR. Perguntava se será
que o egoísmo da Frelimo, em se manter no poder, visa apenas manter a riqueza
ou será medo de serem julgados por causa dos desmandos praticados desde a Independência?”,
disse o mesmo porta-voz, acrescentando que Dhlakama “avançou com a ideia de que
se a Frelimo tem medo da vingança pode colocar essa questão na mesa de
negociações, daí poderá se avançar para um compromisso duma real reconciliação
com todos sem vingança”. “Por isso a preocupação do presidente Dhlakama é
negociar a Paz, apesar de possuir uma supremacia militar”, disse.
Para a
Renamo, os filhos do Povo moçambicano que vão tombando no terreno devem merecer
respeito pois são vidas humanas que estão se a perder.“A crise política no seio
dos camaradas, não deve ser motivo de distracção por parte do presidente
Guebuza. Ele deve se empenhar, dedicar suas energias e capacidades nas
negociações porque a solução militar vai ser prejudicial ao Povo, a ele mesmo e
sua família” advertiu argumentando que “o presidente Dhlakama pela sua
experiência entende que é tempo de poupar vidas humanas, dar tempo ao Povo para
trabalhar porque somos todos filhos da mesma Pátria”.
Ataques na semana passada
A
Renamo diz que na semana antepassada saíram contingentes militares do Governo,
de Dondo para Muxúnguè onde lançaram vários obuses de artilharias pesadas, como
por exemplo de B11, sem que a Renamo respondesse. Ainda de acordo com a fonte,
na mesma semana saíram de Maxungue para a serra de Gorongosa, tropas que
bombardearam no sentido Norte e Sul a partir do Posto Administrativo de Canda
que fica no poente da montanha.“No Domingo dia 09 de Fevereiro de 2014, bombardearam a partir do Posto Administrativo de Vunduzi para montanha de Gorongosa das 14 horas e 30 minutos até as 15 horas 30 minutos, no sentido Oeste e Nordeste onde lançaram onze obuses” disse o porta-voz. As forças governamentais, ainda de acordo com a Renamo, continuava a bombardear a zona da serra da Gorongosa esta segunda-feira dia 10 de Fevereiro, com lançamento de 10 obuses, numa operação que decorreu entre as 05 horas 20 minutos as 07 horas e 15 minutos.
“Nós acreditámos na Paz, mas queremos chamar atenção a estas atitudes. Estes ataques são comandados pelo Major General Mussa, comandante do exército. Estes actos confirmam a informação segundo a qual, a prioridade do Presidente Guebuza é eliminar fisicamente o Presidente Dhlakama, atendendo não conhecermos outras razões que não sejam estas” denunciou Antonio Muchanga. A Renamo acusa a Frelimo de não querer eleições livres, justas e transparentes, sendo por isso que quer estragar todo o processo já iniciado tendente a Paz douradura. “O que está acontecer não faz nenhum sentido, pois achamos que as coisas tendem a melhorar na sala das negociações, havendo avanços significativos, eis em contrapartida estarem a bombardear a Renamo” afirmou o porta-voz de Afonso Dhlakama.
A
Renamo refere que apesar de tudo isto, o seu presidente recomendou a sua
delegação nas negociações com o Governo, a continuar com o dialogo, “pois ele
(Afonso Dhlakama) acredita que os assuntos políticos devem ter soluções
políticas”. A
escalada de ataques militares contras as posições da Renamo, segundo este
partido, acontece no momento em que passam mais de duas semanas, que a Renamo
tinha mandado unilateralmente cessar-fogo em todas frentes, como por exemplo;
Rio Save – Muxungue, Marínguè, Tete, Gorongosa e Inhambane, concretamente nos
distritos de Massinga, Homoíne, Inharrime, entre outras zonas da região sul do
País. “Esta
contenção visava demonstrar boa vontade por parte do Comandante em Chefe das
Forças da Renamo, presidente Afonso Dhlakama, que assume a Paz como condição
fundamental para Democracia e Desenvolvimento do País” disse António Muchanga.
Assassinato do delegado da RenamoAinda nesta segunda-feira, tanto na conferencia de Imprensa concedida por António Muchanga, como na sede das negociações, a Renamo, denunciou o assassinato a três dias pelas forças de defesa e segurança, do seu delegado Politico no Posto Administrativo de Namaita, distrito de Rapale, província de Nampula, de nome Bonifácio Limela.
Governo alega estar a defender-se
Por
sua vez, o Governo através do ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel
Muthisse reagiu às declarações da Renamo, justificando que “desde o primeiro
momento o Governo assumiu a posição de defesa de pessoas, bens e objectos
económicos e militares no pais”. “Posições das Forcas de Defesa e Segurança,
tem sido fustigadas esses dias por ataques da Renamo” disse Muthisse, sem
precisar o que teria acontecido desde a semana passada ate esta parte em
Gorongosa. “Não sabemos exactamente o que aconteceu, mas com certeza alguma
coisa aconteceu para as forcas militares assumirem essa postura” concluiu.
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