Escrito por Redação em 22 Janeiro 2016 |
Questionado se o líder da “Perdiz”, Afonso Dhlakama, que insiste na ideia de instalar o seu governo, a partir de Março próximo, nas seis províncias onde reclama vitória nas ultimas eleições gerais, terá se pronunciado sobre a ocorrência, António Muchanga disse não. Daniel Macuacua, porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, disse à nossa Reportagem que ainda não há nenhum dado novo com vista ao esclarecimento do que levou ao baleamento de Manuel Bissopo e morte do seu guarda-costas, e tão-pouco do paradeiro dos protagonistas do acto. “Estamos a trabalhar”. A Polícia moçambicana, nas suas diferentes ramificações, e as demais instituições que velam pela legalidade dispõem de uma lista extensa de baleamentos e/ou assassinatos em plena via pública e têm sido infeliz no esclarecimento de casos desta natureza. O “estamos a trabalhar” tornou-se um mero chavão que nunca se concretiza acções que consistam em elucidar ao povo o que, por exemplo, levou à morte de Gilles Cistac, Paulo Machava e Dinis Silica; quem foram os executores; quem são os mandantes, entre outras questões. A Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH) disse, em comunicado enviado ao nosso jornal, que “é com profunda preocupação e indignação que tomou conhecimento do baleamento do secretário-geral da Renamo e da morte do seu guarda-costas”. No seu entender, “o atentado contra Manuel Bissopo faz suspeitar” que haja “motivações políticas” resultantes de um cenário político-militar conturbado, do extremar de posições entre o Governo e a Renamo, da interrupção do diálogo político, do cerco à residência de Afonso Dhlakama, a 09 de Outubro do ano passado, na Beira, do regresso deste a Santungira, e da declaração de que o seu partido será desarmado à força. A Liga considera ainda que pode ser que haja facções belicistas no seio das Forças de Defesa e Segurança (FDS), alérgicas à paz, mas cabe ao Presidente da República, que é o Comandante em Chefe das Forças Armadas, assumir o controlo efectivo [dos seus homens] para não dar razão à ideia segundo a qual “Filipe Nyusi não tem poder real sobre o país e o seu partido, a Frelimo”. “Continua posta à prova a governação de Filipe Nyusi, um ano após a sua ascensão ao poder, sendo que deverá, desde já, mostrar vontade e coragem suficientes para eliminar todos os focos de perturbação aos esforços para a paz duradoura no país”, lê-se no comunicado, o qual ajunta que “a LDH apela o comprometimento do Presidente da República à causa da paz, devendo ir para além do discurso populista de basta dizer para ter feito. Não faz sentido que o Presidente multiplique os seus slogans sobre a necessidade do diálogo, quando por outro lado, aposta na manutenção do clima de força”. Por sua vez, a Comissão Nacional do Direitos Humanos (CNDH) enviou-nos um outro comunicado, no qual diz que teme que o baleamento de Manuel Bissopo venha a distanciar ainda mais o Governo e a Renamo, “numa altura em que se buscam melhores caminhos de diálogo”, e a tensão política que se vive no país se prolongue. As autoridades de investigação criminal devem alocar “todos os melhores e maiores recursos para a investigação do caso em apreço e que este seja imediatamente esclarecido, na medida em que, fora de todo o debate político que o caso pode levantar, a lei penal moçambicana trata com diferença o atentando contra a vida de secretário-geral de partidos com assento parlamentar”. Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da Renamo, disse à Lusa o baleamento de Bissopo é o seguimento de outros atentados contra a comitiva de Dhlakama, pelo que considera este acto "terrorismo de Estado". Aliás, acusou ainda a Frelimo de tentativas reiteradas de assassínio dos dirigentes da “Perdiz”. No mesmo órgão, Damião José, porta-voz do partido no poder, desmentiu as alegações de Ivone Soares e classificou-as como descabidas e tentativa de justificar o fracasso da Renamo na sua acção política. |
"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Secretário-geral da Renamo convalesce e Liga dos Direitos Humanos insta Filipe Nyusi a conter as FDS
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