"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 5 de julho de 2013

FRENTE-A-FRENTE GUEBUZA-DHLAKAMA: Local do encontro no pomo da discórdia


 

AS delegações do Governo e da Renamo, reunidas ontem, na capital do país, em sessão extraordinária do diálogo político em curso, não chegaram a acordo sobre o local da realização do encontro, ao mais alto nível, entre o Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder do maior partido da oposição no país, Afonso Dhlakama.

Maputo, Sexta-Feira, 5 de Julho de 2013:: Notícias

As partes também não se entenderam sobre a questão prévia colocada pelo Executivo relativa à desmilitarização da Renamo.  No início desta semana, o porta-voz do Presidente da República, Edson Macuácua, anunciou a disponibilidade do Chefe do Estado em manter um encontro com o líder da Renamo próxima semana em Maputo.

Em conferência de Imprensa havida quarta-feira em Sathundira, distrito de Gorongosa, Afonso Dhlakama reafirmou estar disponível para um encontro aberto e produtivo com o Chefe do Estado, mas colocou duas condições. A primeira é que o encontro poderá ter lugar em Maputo se houver garantias de segurança que passam pela retirada da Força de Intervenção Rápida (FIR) do perímetro de Satungira onde se encontra aquartelado.

A segunda, que o encontro se realizaria em Gorongosa, se as garantias da primeira condição não fossem concretizadas.  Na sessão extraordinária do diálogo ontem havida em Maputo, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiana, disse ter manifestado ao Governo a disponibilidade imediata de Afonso Dhlakama em se encontrar com o Presidente da República na capital do país, desde que sejam retiradas as forças armadas estacionadas em Gorongosa, como primeira possibilidade.

A outra é a de que o Chefe do Estado se desloque à sede do distrito de Gorongosa para o mesmo efeito. “Portanto, queremos aqui reafirmar que o presidente da Renamo está disponível a se encontrar com Sua Excelência o Presidente da República para o devido diálogo em nome dos superiores interesses do povo moçambicano”, disse Saimone Macuiana.

Por seu turno, o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, afirmou que em relação à questão prévia sobre o desarmamento da Renamo e disponibilidade do Presidente da República para o diálogo, a delegação do maior partido da oposição ensaiou ignorá-las. Na questão sobre o desarmamento, segundo José Pacheco, a delegação da Renamo disse que não era relevante, que não fazia parte da agenda e que se fosse o caso poderia ser programada como mais um ponto ou então remetê-la à discussão no capitulo das matérias sobre as forças de defesa e segurança.

“Nós reiteramos de forma insistente a pertinência de se tratar a questão do desarmamento pelo facto de os moçambicanos estarem a ser vítimas mortais, verem a sua integridade física ameaçada na região centro do país, assim como bens pessoais e públicos a serem danificados na região sul, por parte da acção militar da Renamo contra um objecto militar do Estado moçambicano”, explicou.

Em relação ao diálogo entre o Presidente da República e Afonso Dhlakama, segundo o chefe da delegação do Governo, inicialmente a Renamo dizia que não trazia mandato para tratar do assunto, não obstante ter recebido uma carta do Executivo. Após muita insistência sobre o interesse e a pertinência da realização do diálogo àquele nível, a Renamo acabou dizendo que também há interesse da parte do seu líder em manter um encontro com o Chefe do Estado, mas que deviam ser observadas as duas pré-condições anunciadas quarta-feira por Afonso Dhlakama.
“Nós sentimos que estamos perante uma franca falta de vontade da parte da Renamo em dialogar, em encontrar soluções para o nosso país. Primeiro não tinham mandato, e depois as condições que estão a impor são completamente desajustadas à acção das forças de defesa e segurança que visam garantir a integridade territorial, a segurança de pessoas e a protecção de bens públicos e privados. Não faz nenhum sentido a proposta da Renamo”, disse.

José Pacheco recordou que o líder da Renamo viveu em Maputo com muitas forças, mas em nenhum momento terá sido interpelado por qualquer acção das forças de defesa e segurança. Entretanto, as partes continuaram a não se entender sobre a adopção ou não conjunta do documento contendo as propostas da Renamo de revisão da Lei Eleitoral para posterior remessa à apreciação da Assembleia da República.

Sem comentários:

Enviar um comentário