"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 3 de julho de 2020

A quem incomoda Bispo de Pemba?

A quem incomoda Bispo de Pemba?

BispoPemba_LisboaPor Edwin Hounnou 
Incomoda, apenas, ao dono dos lobos e cachorros que tanto barulho desagradável fazem. O semanário do Partido Frelimo – o jornal Público - na  sua edição  nr. 504 de 22 de Junho de 2020, agrediu, em termos bem graves, o bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, que se tem caracterizado como a voz dos sem voz, reportando o agonizante drama por que as populações de Cabo Delgado têm passado por conta da situação da guerra de terrorismo movida por Al-Shabab, uma organização terrorista. Esta guerra, segundo algumas, já matou cerca de 1100 pessoas, entre soldados governamentais, terroristas e a população civil, para além da destruição de  infraestruturas públicas e privadas, provocando mais de 211 mil deslocados. 
A narrativa de que os terroristas estão sendo flagelados parece não corresponder aos acontecimentos que se verificam no terreno. Já é um segredo aberto dizer que as forças governamentais debatem-se com dificuldades para enfrentar os terroristas que continuam a ocupar espaços do território, como aldeias, postos administrativos e até vilas-sede de distritos, durante horas a fio e dias seguidos, sem  que sejam escorraçados por quem tem o dever de defender pátria e as suas gentes, perigando a vida das populações sujeitas a refugiar-se nas matas para escaparem das decapitações e raptos.
A voz de Dom Luiz Fernando Lisboa representa os anseios do povo de Cabo Delgado que o regime mal sabe defender. A atitude da Frelimo faz-nos recordar a dos colonialistas que diziam ao então bispo da Beira, Dom Sebastião Soares de Resende, para se manter longe da  política.  Os que se sentam na cadeira do poder têm a mesma postura de odiar a quem fala a verdade. Opuseram-se ao arcebispo de Nampula, Dom Manuel Vieira Pinto, expulsando do país por o prelado representar a igreja dos pobres que clamavam pela justiça. Os colonialistas pretos comportam-se como os colonialistas brancos – têm ódio da verdade, perseguem e vilipendiam o mensageiro. 
Vozes do mesmo lado a diziam a Dom Jaime Gonçalves,  antigo arcebispo da Beira, para se limitar a rezar missas, ouvir confissões e a ensinar catequese porque, se justificavam, a política era reservada, apenas, a eles. Agora, viraram as suas armas contra o bispo de Pemba, por este expressar a dor do povo provocada pelos terroristas que perdura  devido à ineficácia das forças de defesa e segurança. Já falam em “assuntos domésticos" como se eles fossem os únicos interessados no bem-estar do povo. Destilam  ódio contra quem fala a verdade. 
O povo precisa de quem os defenda e não de charlatães que insultam a partir dos seus confortáveis gabinetes, entorpecidos de bebidas raras.
Estamos a voltar aos tempos do regime colonial-fascista de António Salazar/Marcelo Caetano em que os missionários eram perseguidos, presos e alguns expulsos do “território português” alegando terem se extravasado do seu campo de trabalho. Eles querem ver os padres a limitarem-se a celebrar missas, ouvir confissões e a ensinar a catequese. De facto, mudam as moscas, mas, a merda continua a mesma, como diz a sabedoria popular. É uma grande verdade que continua ainda irrefutável. Vemos os lobos do regime a uivarem à volta do grande e corajoso bispo de Pemba, tentando intimidá-lo para que deixe de denunciar os males por que o povo está a passar. 
O Papa Francisco quando da sua visita a Moçambique demonstrou que vinha bem informado sobre a situação do nosso país. Os que esperavam tirar dividendos políticos da presença do Santo Padre, bateram a parede com a testa, por isso, os seus altifalantes não param de lançar impropérios contra vozes comprometidas com a verdade e o bispo de Pemba é escolhido como um alvo a abater. Eles se esqueceram de que a mentira não se sobrepõe à verdade. As verdade que o bispo Luiz Fernando Lisboa diz minam as relações com a Santa Sé. As boas relações não se constroem com base em mentiras. Vale mais dizer uma verdade do que proferir mil e uma mentiras. A mentira é inaceitável.
Os lobos uivam e os cães mordem. O contrário é, também, verdade. Quando assassinaram o professor Gilles Cistac, os lobos, antes, começaram por uivar a partir do Parlamento. Diziam  que Cistac era um estrangeiro mal agradecido e não faria o mesmo na Argélia ou em qualquer outra parte do mundo. A 15 de Março de 2015, os cães mataram-no. Eles matam a qualquer que tenha uma opinião diferente do sistema político. À luz do dia e numa das avenidas da Capital, assassinaram Cistac com rajadas de uma metralhadora, alegadamente, sustentar ideias “subversivas”. Cistac defendia uma real descentralização e não isso o que vemos em que um nomeado com base em confiança política se sobrepõe a um eleito. Por defender a verdade, Cistac foi morto.
Os lobos dizem que o bispo Dom Luiz Fernando Lisboa, está a fazer sedição. Fomos ao dicionário da Língua Portuguesa para ver o significado desta palavra. Significa incitamento à revolta contra uma autoridade instituída, que é um crime contra a segurança de um país, o que perturba a ordem pública. Isso só pode ser dito por loucos habituados ao mal porque, em momento nenhum o bispo de Pemba incitou ao descontentamento contra autoridade estabelecida. Falar a verdade, no nosso país, é  o mesmo que incitar à violência e revolta contra autoridade instituída. Se isso for verdade, o regime tem que construir mais estabelecimentos prisionais porque somos muitos. 
O inimigo do regime não é  só aquele que luta com armas em punho, massacra, decapita as populações e destrói as infraestruturas, mas também aquele que pensa maneira diferente. Aquele que informa a verdade e ajuda o povo a abrir os olhos. O regime  julga-se possuir o monopólio da verdade absoluta. Acusam de todos os males ao bispo Dom Luiz Fernando Lisboa por falar a verdade. Não temos qualquer procuração do bispo  para responder por ele, mas achamos que o prelado não se deixou intimidar por latidos da matilha ou por uivos de lobos. Continua firme, forte e decidido a servir o povo de Deus.
Os uivos dos lobos e os latidos da matilha estão a ficar cada vez mais desagradáveis ao ouvido do povo que espera por uma atitude mais concreta que o livre dos terroristas. Não é por acaso que, hoje, assistimos uma desenfreada campanha contra os jornalistas que investigam e difundem a verdade que incomoda o regime frelimista. Hoje como ontem, os canos das armas estão viradas contra os padres desafinados com o regime autoritário da Frelimo. Esperamos que o bispo Dom Luiz Fernando Lisboa não seja mais um outro Cistac. Dom Luiz Fernando Lisboa  é uma fonte incontornável para quem deseja saber do sofrimento de Cabo Delgado. Nunca lemos uma palavra de repúdio contra o rapto e desaparecimento do jornalista da Rádio Comunitária de Palma,  Ibraimo Abu Mbaruco, por elementos das forças governamentais. Será que isso não incomoda ao semanário Publico, que se faz de grande defensor da Pátria e do povo moçambicano?
Num país com estado autoritário, como Moçambique, é um grande perigo pensar diferente porque o dono dos lobos e cachorros pode largá-los e nos virem dilacerar a carne. Eles que todos sejamos suas antenas repetidoras do seu pensamento e das suas  mensagens. Nós nos recusamos desempenhar a função de fantoche ou de marionete. 
É importante sabermos quem manda o jornal Público  atacar é a humilhar o Bispo Dom Luiz Fernando Lisboa? Os cachorros ladram, os lobos uivam, porém, o povo de Cabo Delgado continua a dormir nas matas, a ser raptado, decapitado, deslocado e a passar fome.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 30.06.2020

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