Da auto-estima da burla, auto-estima do saque, ao uso e abuso dos bens do Estado
O nosso Estado corre perigo! Com estes defensores da auto-estima a usarem o Estado a seu bel-prazer, o que restará aos cidadãos fazer? Ficarem calados? Renderem-se às forças de repressão militarizadas ao serviço de quem acorda e deita-se procurando formas de extorquir o erário público? Que democracia será esta que nos dizem que está a ser construída em Moçambique? Que democracia é esta com todos os sinais de nos estar a fazer andar para trás, e a levar-nos aos tempos dos mesmos abusos da era do mono-partidarismo que para ser interrompida colocou o País a braços com uma tremenda guerra civil?
Sempre tivemos o cuidado, no nosso dever de cidadania, de aqui chamarmos à atenção, neste espaço, para o facto de o Estado estar a servir interesses de um punhado de gente que se valendo da oportunidade de estarem no poder misturam os seus negócios pessoais com o que é erário público. Confundem o Estado com o que é seu. Alucinam com o poder e abusam.
Sempre nos indignámos e voltamos aqui a apelar para a indignação total contra quem usa e abusa do Estado sem o menor respeito pelos cidadãos que são afinal a razão de ser do Estado.
Mais uma vez nesta edição trazemos a público evidências do quanto se volta a confundir o Estado com interesses de quem interpreta o mandato que recebeu em eleições, como se de um cheque em branco se trate, para poder praticar os mais infames actos contra a cidadania e contra os cidadãos.
Estar no Estado para representar interesses de toda uma nação não significa mandato para usar o Estado para fazer progredir os seus negócios pessoais e facilitar outros dos seus familiares, apaniguados e estrangeiros corruptores.
Ainda que haja quem julgue que a história lhes atribuiu direitos excepcionais, a lei mãe do País é clara e nada semelhante prevê.
Sempre tivemos o cuidado, no nosso dever de cidadania, de aqui chamarmos à atenção, neste espaço, para o facto de o Estado estar a servir interesses de um punhado de gente que se valendo da oportunidade de estarem no poder misturam os seus negócios pessoais com o que é erário público. Confundem o Estado com o que é seu. Alucinam com o poder e abusam.
Sempre nos indignámos e voltamos aqui a apelar para a indignação total contra quem usa e abusa do Estado sem o menor respeito pelos cidadãos que são afinal a razão de ser do Estado.
Mais uma vez nesta edição trazemos a público evidências do quanto se volta a confundir o Estado com interesses de quem interpreta o mandato que recebeu em eleições, como se de um cheque em branco se trate, para poder praticar os mais infames actos contra a cidadania e contra os cidadãos.
Estar no Estado para representar interesses de toda uma nação não significa mandato para usar o Estado para fazer progredir os seus negócios pessoais e facilitar outros dos seus familiares, apaniguados e estrangeiros corruptores.
Ainda que haja quem julgue que a história lhes atribuiu direitos excepcionais, a lei mãe do País é clara e nada semelhante prevê.
Pensando que em Democracia estaríamos a fazer regredir aqueles que julgavam que o Estado é sua machamba pessoal, à medida que o ex-beligerante Renamo baixa as suas armas – sendo esse o desejo geral – vemos que, em contrapartida, aqueles a quem a Guerra Civil meteu freios, estão a voltar a abusar do Estado levando-nos a recear que voltemos aos tempos que os ingénuos da comunidade internacional não viveram e não lhes convém recordar agora que os mesmos que oprimiram todo um povo lhes servem hoje opíparos repastos como os que os seus próprios povos hoje já não lhes permitem usufruir nos seus países. Noticiámos na altura e provámos com documentos que uma empresa a que está ligado o Presidente da República e Chefe do Governo, Armando Guebuza, vendeu, recentemente, ao Estado, um lote de 150 autocarros para serem atribuídos à então empresa de transportes públicos de Maputo que posteriormente viria a ser desmembrada e com o seu espólio criadas duas: a Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo e Matola, respectivamente.
A empresa-mãe indiana, da que em Moçambique tem como sócio o chefe de Estado e do Governo, Armando Guebuza, e ainda o seu ministro António Sumbana, vendeu à então TPM (Transportes Públicos de Maputo) uma centena e meia de autocarros. Reportámos na altura que o negócio não seguiu a Lei do Procurment em vigor na República de Moçambique.
O ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, confirmou à nossa
Reportagem, na altura, que não houve concurso público para aquisição de tais autocarros, ou seja, o negócio foi por adjudicação directa.
O negócio efectivou-se semanas depois de o próprio Presidente da República ter ido à Índia em visita de Estado (?). Tudo muito linear… Armando Guebuza assinou com a mão de Presidente em representação do Estado, a aquisição dos autocarros, e, com a sua visão de empresário, deixou para a TATA Moçambique um vínculo que drenará para o seu bolso em resultado de peças e serviços de manutenção que os TPM pagarão… Qual teta, qual chucha!..
O encaixe financeiro de 565 milhões de meticais conseguido pela TATA indiana na venda dos 150 autocarros aos TPM já deve ter rendido umas boas luvas, ou não fosse essa uma prática corrente…
Nada aconteceu ao cidadão Armando Guebuza porque é também ele quem nomeia os órgãos que deviam garantir a legalidade e combater este tipo de promiscuidade.
O negócio não ficou por aí. Estava só no princípio. Ficou acordado que a manutenção técnica dos autocarros seria assegurada pela TATA Moçambique. Na altura escrevemos neste jornal que os autocarros não eram novos tal como se dizia. A prova disso é que no dia da entrega do primeiro lote, dois dos autocarros tiveram avarias, em plena cerimónia inaugural. A carcaça de muitos dos autocarros que estavam a chegar denunciava já naquela altura – em Julho de 2011 – que aquelas sucatas haviam sido recondicionadas. E é aqui onde está a segunda parte da negociata do Senhor Armando Guebuza. Meses depois, cerca da metade de todos os autocarros adquiridos já anda com diversas avarias. A assistência dá dinheiro continuamente!...
O Estado, através das empresas municipais dos transportes públicos de Maputo e Matola, em que a outra TPM foi entretanto transformada, está agora já a drenar mais uma batelada de dinheiro para a TATA Moçambique, em peças e manutenção. Sem dúvida um “negócio da China”. “Tá-se bem!”...
É o Estado a pagar indirectamente a Guebuza e António Sumbana, as deficiências dos autocarros recém adquiridos.
Não temos outras palavras: uma empresa de que é sócio o cidadão Armando Guebuza e o seu ministro António Sumbana, vendeu ao Estado que pertence a todos os moçambicanos, autênticas sucatas. O Estado foi burlado. O povo foi burlado. O número de autocarros avariados é de tal ordem em tão pouco tempo que só se pode suspeitar disto tudo…
O empresário Guebuza burlou o Presidente Guebuza?
Agora o povo volta a não ter transporte.
Quem pode ressarcir o Estado pela burla?
Que terá a dizer o cidadão Armando Guebuza, ao chefe de Estado e do Governo pela tamanha burla com os TATAs adquiridos sem concurso público e poucos meses volvidos já quase todos encostados?
Não há vergonha?
É este tipo de auto-estima que quem anda por tudo o que é canto de Moçambique a pregar, pretende para o nosso “maravilhoso” povo?
Não será isto a auto-estima da burla?
Não será isto a auto-estima da charlatanice?
Não será isto a auto-estima da falta de ética e da falta de respeito pelo bem comum?
Não será isto uma total falta de patriotismo?
Não será isto uma total falta de respeito pelo Estado?
De que auto-estima fala o Presidente da República? Será a mesma que pratica o cidadão e empresário Armando Guebuza?
Na nossa modesta opinião, auto-estima passa pelo respeito por si e pelos outros.
A honestidade não se pode dissociar da auto-estima. Quem tem realmente amor pela pátria não se mete em jogadas como a que envolveu a compra de autocarros para os TPM.
Que patriotismo poderá querer que lhe reconheçam os cidadãos de um Estado que vê o seu próprio chefe de Estado e do Governo a levar o seu próprio Estado a envolver-se em negócios absurdos.
Que respeito quer que lhe tenham os cidadãos de um País quando se vêem enganados por quem o povo elegeu?
Qual será a definição de antipatriotismo para cidadãos que se vêem enganados por um negócio como o dos autocarros TATA?
Um cidadão ou cidadãos que se envolvem neste tipo de coisas pode-se dizer que amam o seu País?
Cidadão ou cidadãos que se envolvem em negociatas em que está claro que não respeitaram os seus concidadãos, podem continuar a querer que os tratem com a dignidade que é devida a qualquer cidadão com especial deferência a dignitários de uma nação?
Quem não se dá ao respeito pode alguma vez pensar que lhe continuem a ter respeito?
Na Alemanha por muito menos demitiu-se o Presidente da República. Aqui como será?
O chefe de Estado vai ao menos pedir desculpa aos moçambicanos?
Moçambique é muito mais do que estas baixarias! África não pode continuar a ser tratada desta maneira!
Com este tipo de gente, corremos o risco de acordar sem o nosso Estado. É um perigo ser dirigido por este tipo de gente.
A Procuradoria o que vai fazer? Vai ficar a assistir à destruição do Estado?
O Senhor Procurador-Geral da República não pode fazer nada, tratando-se de quem se trata? Então para que serve a Procuradoria-Geral da República?
E na mesma esteira de uso e abuso das prorrogativas que estão conferidas aos dignitários do Estado, o que irá fazer a PGR sabendo que as instalações do Estado estão a ser usadas para reuniões de uma entidade privada, para discutir teses, para mais nas horas normais de expediente, e levando os funcionários a não trabalhar, embora estejamos todos a pagar os seus salários?
Será possível alguém acreditar, com estas práticas, que se está a construir em Moçambique alguma democracia? Igual à do Salazar? Igual à do Caetano? Já quase nos apetece dizer: do mal o menos!...
Isto é tudo uma pouca vergonha!!!…
Canal de Moçambique – 29.02.2012
A empresa-mãe indiana, da que em Moçambique tem como sócio o chefe de Estado e do Governo, Armando Guebuza, e ainda o seu ministro António Sumbana, vendeu à então TPM (Transportes Públicos de Maputo) uma centena e meia de autocarros. Reportámos na altura que o negócio não seguiu a Lei do Procurment em vigor na República de Moçambique.
O ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, confirmou à nossa
Reportagem, na altura, que não houve concurso público para aquisição de tais autocarros, ou seja, o negócio foi por adjudicação directa.
O negócio efectivou-se semanas depois de o próprio Presidente da República ter ido à Índia em visita de Estado (?). Tudo muito linear… Armando Guebuza assinou com a mão de Presidente em representação do Estado, a aquisição dos autocarros, e, com a sua visão de empresário, deixou para a TATA Moçambique um vínculo que drenará para o seu bolso em resultado de peças e serviços de manutenção que os TPM pagarão… Qual teta, qual chucha!..
O encaixe financeiro de 565 milhões de meticais conseguido pela TATA indiana na venda dos 150 autocarros aos TPM já deve ter rendido umas boas luvas, ou não fosse essa uma prática corrente…
Nada aconteceu ao cidadão Armando Guebuza porque é também ele quem nomeia os órgãos que deviam garantir a legalidade e combater este tipo de promiscuidade.
O negócio não ficou por aí. Estava só no princípio. Ficou acordado que a manutenção técnica dos autocarros seria assegurada pela TATA Moçambique. Na altura escrevemos neste jornal que os autocarros não eram novos tal como se dizia. A prova disso é que no dia da entrega do primeiro lote, dois dos autocarros tiveram avarias, em plena cerimónia inaugural. A carcaça de muitos dos autocarros que estavam a chegar denunciava já naquela altura – em Julho de 2011 – que aquelas sucatas haviam sido recondicionadas. E é aqui onde está a segunda parte da negociata do Senhor Armando Guebuza. Meses depois, cerca da metade de todos os autocarros adquiridos já anda com diversas avarias. A assistência dá dinheiro continuamente!...
O Estado, através das empresas municipais dos transportes públicos de Maputo e Matola, em que a outra TPM foi entretanto transformada, está agora já a drenar mais uma batelada de dinheiro para a TATA Moçambique, em peças e manutenção. Sem dúvida um “negócio da China”. “Tá-se bem!”...
É o Estado a pagar indirectamente a Guebuza e António Sumbana, as deficiências dos autocarros recém adquiridos.
Não temos outras palavras: uma empresa de que é sócio o cidadão Armando Guebuza e o seu ministro António Sumbana, vendeu ao Estado que pertence a todos os moçambicanos, autênticas sucatas. O Estado foi burlado. O povo foi burlado. O número de autocarros avariados é de tal ordem em tão pouco tempo que só se pode suspeitar disto tudo…
O empresário Guebuza burlou o Presidente Guebuza?
Agora o povo volta a não ter transporte.
Quem pode ressarcir o Estado pela burla?
Que terá a dizer o cidadão Armando Guebuza, ao chefe de Estado e do Governo pela tamanha burla com os TATAs adquiridos sem concurso público e poucos meses volvidos já quase todos encostados?
Não há vergonha?
É este tipo de auto-estima que quem anda por tudo o que é canto de Moçambique a pregar, pretende para o nosso “maravilhoso” povo?
Não será isto a auto-estima da burla?
Não será isto a auto-estima da charlatanice?
Não será isto a auto-estima da falta de ética e da falta de respeito pelo bem comum?
Não será isto uma total falta de patriotismo?
Não será isto uma total falta de respeito pelo Estado?
De que auto-estima fala o Presidente da República? Será a mesma que pratica o cidadão e empresário Armando Guebuza?
Na nossa modesta opinião, auto-estima passa pelo respeito por si e pelos outros.
A honestidade não se pode dissociar da auto-estima. Quem tem realmente amor pela pátria não se mete em jogadas como a que envolveu a compra de autocarros para os TPM.
Que patriotismo poderá querer que lhe reconheçam os cidadãos de um Estado que vê o seu próprio chefe de Estado e do Governo a levar o seu próprio Estado a envolver-se em negócios absurdos.
Que respeito quer que lhe tenham os cidadãos de um País quando se vêem enganados por quem o povo elegeu?
Qual será a definição de antipatriotismo para cidadãos que se vêem enganados por um negócio como o dos autocarros TATA?
Um cidadão ou cidadãos que se envolvem neste tipo de coisas pode-se dizer que amam o seu País?
Cidadão ou cidadãos que se envolvem em negociatas em que está claro que não respeitaram os seus concidadãos, podem continuar a querer que os tratem com a dignidade que é devida a qualquer cidadão com especial deferência a dignitários de uma nação?
Quem não se dá ao respeito pode alguma vez pensar que lhe continuem a ter respeito?
Na Alemanha por muito menos demitiu-se o Presidente da República. Aqui como será?
O chefe de Estado vai ao menos pedir desculpa aos moçambicanos?
Moçambique é muito mais do que estas baixarias! África não pode continuar a ser tratada desta maneira!
Com este tipo de gente, corremos o risco de acordar sem o nosso Estado. É um perigo ser dirigido por este tipo de gente.
A Procuradoria o que vai fazer? Vai ficar a assistir à destruição do Estado?
O Senhor Procurador-Geral da República não pode fazer nada, tratando-se de quem se trata? Então para que serve a Procuradoria-Geral da República?
E na mesma esteira de uso e abuso das prorrogativas que estão conferidas aos dignitários do Estado, o que irá fazer a PGR sabendo que as instalações do Estado estão a ser usadas para reuniões de uma entidade privada, para discutir teses, para mais nas horas normais de expediente, e levando os funcionários a não trabalhar, embora estejamos todos a pagar os seus salários?
Será possível alguém acreditar, com estas práticas, que se está a construir em Moçambique alguma democracia? Igual à do Salazar? Igual à do Caetano? Já quase nos apetece dizer: do mal o menos!...
Isto é tudo uma pouca vergonha!!!…
Canal de Moçambique – 29.02.2012
Sem comentários:
Enviar um comentário