• Na quarta-feira, a governo provincial enviou um contingente policial para dispersar os camponeses que impediam que os chineses trabalhassem.
• As comunidades acusam o governo de ser “arrogante e mau”, porque “não escuta as comunidades, limita-se a dar ordens e sempre em detrimento dos interesses das comunidades”.
• O governo revela-se “partidário dos interesses dos chineses”, em prejuízo das comunidades.
Mais de 400 camponeses do Baixo Limpopo, nomeadamente das comunidades de Marien Ngouabi, Ndlangane e Chibonhanine, estas duas últimas trabalhavam na área de Chibonhanine, distrito de Xai-Xai, província de Gaza, revoltaram-se e ergueram enxadas e catanas contra a acção chinesa de usurpação de terra. A ocorrência deu-se no passado 16 de Agosto corrente, na região de Matijelene.
De acordo com a informação do Fórum das Organizações Não Governamentais de Gaza (FONGA), os camponeses culpam o governo de não auscultar as comunidades, antes do concessionar a terra a investidores chineses. “Os chineses estão a devastar extensas áreas, colocando a população fora do perímetro de irrigação sem qualquer satisfação”, revela a denúncia do FONGA, acrescentando que “à medida que a ocupação dos chineses vai se estendendo, instala-se o desconforto entre os populares, que ameaçam semear nas áreas já lavradas pelos chineses”.
No passado dia 17 de Agosto, uma equipa do FONGA deslocou-se ao local do incidente, onde dialogou com algumas pessoas da comunidade, que confirmaram o facto. As mesmas disseram que “neste momento não têm onde fazer agricultura, apascentar seu gado, portanto, a sua sobrevivência está ameaçada.”
Os camponeses garantem que vão impedir a continuação da expansão dos interesses dos chineses, sendo que para o dia 19 do mês em curso haviam combinado semear nas áreas lavradas pelos chineses. Entretanto, tal não aconteceu porque foram informados que não o deviam fazer antes da resposta de que estavam à espera por parte das autoridades governamentais.
SACUDIDOS PELA POLÍCIA
Segundo Boavida Madonda, líder comunitário local e um dos afectados, os camponeses não foram semear no dia 19. Só que uma equipa de trabalhadores chineses iniciou, no mesmo dia, a lavragem de uma outra zona dos camponeses. “Impedimos o tractorista de lavrar e informámo-lo que não o devia fazer antes que haja uma resposta do governo em relação às preocupações que uma equipa nossa foi apresentar”, disse Madonda.
Para o espanto dos camponeses, no passado dia 21 de Agosto, o governo provincial de Gaza enviou um contingente do polícia para dispersar os camponeses, que impediam os chineses de lavrar a terra. “A polícia chegou, dispersou as pessoas e ordenou que os tractores dos chineses continuassem a trabalhar”, lamentou Madonda, assegurando que neste momento os chineses estão a trabalhar.
“Nós apenas estamos a assistir à devastação das nossas machambas e no nosso pasto. Mais do que a nossa sobrevivência, o problema é a sobrevivência do nosso gado. Agora, estão já a lavrar os nossos campos de pastagem de gado”.
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