"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Centenas de camponeses erguem enxadas e catanas contra chineses
                              
      
  
Conflito de terra já atinge o Baixo Limpopo
       • Na quarta-feira, a governo provincial enviou um contingente policial para dispersar os camponeses que impediam que os chineses trabalhassem.
      • As comunidades acusam o governo de ser “arrogante e mau”, porque “não escuta as comunidades, limita-se a dar ordens e sempre em detrimento dos interesses das comunidades”.
• O governo revela-se “partidário dos interesses dos chineses”, em prejuízo das comunidades.
Mais de 400 camponeses do Baixo Limpopo, nomeadamente das comunidades de Marien Ngoua­bi, Ndlangane e Chibonhanine, estas duas últimas trabalhavam na área de Chibonhanine, dis­trito de Xai-Xai, província de Gaza, revoltaram-se e ergueram enxadas e catanas contra a ac­ção chinesa de usurpação de terra. A ocorrência deu-se no passado 16 de Agosto corrente, na região de Matijelene.
De acordo com a informação do Fórum das Organizações Não Governamentais de Gaza (FONGA), os camponeses cul­pam o governo de não auscul­tar as comunidades, antes do concessionar a terra a investi­dores chineses. “Os chineses estão a devastar extensas áre­as, colocando a população fora do perímetro de irrigação sem qualquer satisfação”, revela a denúncia do FONGA, acres­centando que “à medida que a ocupação dos chineses vai se es­tendendo, instala-se o descon­forto entre os populares, que ameaçam semear nas áreas já lavradas pelos chineses”.
No passado dia 17 de Agosto, uma equipa do FONGA deslo­cou-se ao local do incidente, onde dialogou com algumas pessoas da comunidade, que confirmaram o facto. As mes­mas disseram que “neste mo­mento não têm onde fazer agri­cultura, apascentar seu gado, portanto, a sua sobrevivência está ameaçada.”
Os camponeses garantem que vão impedir a continuação da expansão dos interesses dos chi­neses, sendo que para o dia 19 do mês em curso haviam com­binado semear nas áreas lavra­das pelos chineses. Entretanto, tal não aconteceu porque foram informados que não o deviam fazer antes da resposta de que estavam à espera por parte das autoridades governamentais.
SACUDIDOS PELA POLÍCIA
Segundo Boavida Madonda, líder comunitário local e um dos afectados, os camponeses não foram semear no dia 19. Só que uma equipa de trabalhado­res chineses iniciou, no mesmo dia, a lavragem de uma outra zona dos camponeses. “Impe­dimos o tractorista de lavrar e informámo-lo que não o devia fazer antes que haja uma res­posta do governo em relação às preocupações que uma equipa nossa foi apresentar”, disse Ma­donda.
Para o espanto dos campo­neses, no passado dia 21 de Agosto, o governo provincial de Gaza enviou um contingente do polícia para dispersar os campo­neses, que impediam os chine­ses de lavrar a terra. “A polícia chegou, dispersou as pessoas e ordenou que os tractores dos chineses continuassem a traba­lhar”, lamentou Madonda, asse­gurando que neste momento os chineses estão a trabalhar.
“Nós apenas estamos a assis­tir à devastação das nossas ma­chambas e no nosso pasto. Mais do que a nossa sobrevivência, o problema é a sobrevivência do nosso gado. Agora, estão já a la­vrar os nossos campos de pasta­gem de gado”.

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