UM TABÚ ENQUANTO O SISTEMA PERMANECER
Lamento bastante ter que escrever isto, porque para além de ferir a sensibilidade do titular da pasta de educação, me traz dor sempre que falo ou ouço falar de qualidade de ensino no nosso país. A questão que coloco primeiro é: como se pode falar de qualidade de ensino se não há transparência e o sistema sempre deficiente?
Lamentavelmente o nosso governo permite que Moçambique funcione como se um país não soberano. De dez anos para aqui não temos muita certeza de quantas as vezes que mudaram o sistema de educação com novos currículos por ai em diante. Eu estou a dar aulas desde ano 2000. Quando gente vai adaptando dum sistema logo muda: se não é o currículo, é o forma de avaliação…. Tudo para que os alunos não reprovem demais. No entanto, a realidade mostra o contrario, a medida que mudam as coisas mais reprovações se verificam. Imagina o caso dos exames da décima e décima segunda classes do ano passado. Se o estado Moçambicano fosse como o Ocidente de onde quer copiar os modelos, teriam se demitido todos desde o topo até a base.
Muitos dizem que é por causa do Novo Currículo, outros que são os professores, outros que são os alunos que não se dedicam. Assim vai um circulo de acusações porque ninguém quer assumir. Eu sendo professor e educador, digo que o novo currículo está muito bem elaborado porque facilita os alunos a conjugar a teoria e a prática. Os professores alguns de verdade deixam a desejar, os alunos de verdade são poucos que se dedicam a estudar. Mas nenhum destes casos é a razão da má qualidade de ensino.
O problema de qualidade de ensino em Moçambique, está no sistema politico de governação. Uma vez que a política manda tudo, então a educação sofre este sistema. Para satisfazer os interesses políticos justificando aos doadores o dinheiro dado, então há que obrigar todos professores a apresentar uma percentagem falsa acima dos 85%.
Uma vez que os alunos já perceberam disto que estão protegidos pelos “titios” e que estudar como não no fim do ano terá que passar, não se empenham. Em contra partida, de tudo isto, dão sempre a culpa aos professores. O professor tem muita razão de relaxar porque o sistema lhe obriga a ser assim. Se o professor é exigente na sala de aulas é conotado de mau professor e muitas vezes chamado pela direcção da escola e avisado que não querem problemas com o professor e que também ninguém está disposto a perder o seu pão.
Pergunto eu a todos, quem não mudaria a sua maneira exigente, se ele está pôr em risco o seu pão uma vez que pode não renovar o seu contrato para os próximos anos por ser exigente e apresentar uma percentagem real? Resultado, o professor não se empenha porque sabe que empenhar se como não ao fim vai ter que atribuir notas para elevar a percentagem requerida e como consequência disto, os alunos também não se empenham porque viram que no trimestre passado não tive nenhuma positiva mas na pauta tenho tudo positiva…..
O sistema europeu não funciona em Moçambique porque ainda não está preparado para esse tipo de ensino e o nível de vida também é diferente. Moçambicanos compatriotas, já é tempo de começar a fazer as coisas como um país soberano. Vamos sim aceitar ajuda do ocidente porque precisamos, mas quando começam a impor práticas que não ajudam a ninguém é melhor parar e ser capaz de dizer que aceitamos a sua ajuda, mas isso que nos propõe como condição não vamos fazer. Se não quiserem dar que regressem com o seu dinheiro.
Ora vejamos, a dita educação da rapariga que se defende até o ensino básico nada se ajuda. Digo isto porque depois da sétima classe a criança não sabe ler nem escrever o nome. Com o proliferação de não reprovação no ensino básico que agora entrou no ensino secundário geral, os alunos entram na oitava enquanto não sabem ler e ai tem várias cadeiras, como se arranjam estas crianças. A culpa será da criança, do professor actual ou anterior,…… de quem?
Alguns alunos mal terminam a decima classe, a ler muito mal e a escrever mal o seu próprio nome deles. Estes são casos que em condições normais reprovariam, mas como o sistema obriga as crianças passam. São estes mesmos que depois entram no IMAP e que raras vezes se reprova para depois um ano entrar na escola como professores. Assim como podemos esperar uma qualidade desejada de ensino?
Vamos estar atentos a esta nova colonização. É muito fácil explorar e manipular um analfabeto que se põe de ter o ensino médio feito, ou ter frequentado o curso de licenciatura que no fundo não sabe nada. Por isso querem que os Moçambicanos tenham um nível de ensino muito baixo para nunca ver os horizontes duma forma clara e saber reclamar os seus direitos. Esses que impõem esse sistema nos seus países mesmo na escola primaria são pessoas do nível superior que dão aulas. E nós porque admitimos que nos enganem desta forma. Claro que os nossos alunos não tema capacidade de perceberem que é um prejuízo por isso eles gostam e poucos pais e encarregados de educação têm consciência disso. Se bem que o sistema é bom porque os filhos de muitos dos nossos governantes não estudam nas escolas publicas? Porque levam para escolas comunitárias ou privadas e até fora do país?
Chega de nos enganarmos. Vamos unir as mãos norte ao sul e construirmos o nosso país. Vamos recuperar a moral nas nossas famílias para que o professor consiga dar aulas e se sinta de verdade professor não somente na sala mas em todo lado estar.
Tema chato, mas voltarei no mesmo para outras considerações. Livre de criticar ou reprovar a esta visão apresentada.
Boa análise e crítica! de facto o nosso país está mal percebida por causa dos doadores.Na verdade ninguem quer perder o pao.
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